domingo, 15 de setembro de 2024

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Intensificação sustentável como futuro da produção de alimentos

Tiago Pellini, pesquisador do Iapar

Avanços tecnológicos e inovação na agricultura permitiram substanciais aumentos na produção de alimentos desde meados do século XX. A mesma cresceu entre 2,5 a 3 vezes nos últimos 50 anos, num ritmo que permitiu acompanhar o crescimento populacional e ofertar uma quantidade de calorias produzidas que seria suficiente para atender as necessidades per capita de todo o planeta. Mas a produção agrícola precisa crescer para dar conta do acesso desigual aos alimentos e para atender as necessidades de uma população mundial em crescimento. Estima-se que a produção precisaria aumentar cerca de 70% em termos globais e 100% (dobrar, portanto) nos países em desenvolvimento até 2050, para atender ao crescimento populacional projetado e às mudanças nas dietas. Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI), o progresso em direção à redução da fome tem situações bastante distintas entre os países.
Não bastasse o desafio demográfico e da superação da pobreza, os sistemas agroalimentares têm ainda que se ajustar a complexas limitações de recursos impostas pela degradação ambiental, muitas vezes originada da própria agricultura moderna. Em relação às pressões aos solos e águas, estima-se que cerca de 12% das áreas de terras do mundo (1,6 bilhão de hectares) são utilizadas para agricultura, usando aproximadamente 70% de toda a água abstraída de aquíferos, riachos, rios e lagos. Para o Instituto Mundial de Informação sobre Solos (ISRIC), a degradação das terras (perda da sua capacidade produtiva) é um problema global. Para atender as demandas projetadas, a agricultura tem como desafio incrementar a produção, especialmente de alimentos ricos em nutrientes; fazer isso de uma maneira que reduza a desigualdade; e, ainda, reverter e prevenir a degradação dos recursos naturais.
A agricultura moderna é energia-intensiva, precisando de combustível para tratores e transporte, produção de agroquímicos, e armazenamento e processamento de alimentos, em boa parte de fontes fósseis não renováveis. Isto gera preocupação crescente sobre a ‘pegada’ de carbono do setor agroalimentar. A agricultura contribui com aproximadamente 13,5% das emissões globais de gases do efeito-estufa, como resultado das práticas de cultivo e a expansão das terras agrícolas para as áreas florestais, liberando carbono armazenado acima e abaixo da superfície do solo.
Parafraseando Tim Benton, para a superação ou solução dos problemas interligados da fome, pobreza e degradação ambiental globais será preciso o desenvolvimento de um menu diversificado de opções que os agricultores possam usar, compartilhar ou ajustar, permitindo um conjunto de benefícios sociais, econômicos e ambientais, para além e acima do aumento da produtividade.

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Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
11/09/2024

Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

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