Oferecer noções amplas sobre o correto manejo do pastejo, de forma a aumentar a produtividade nos sistemas de bovinocultura de corte e leite. Com esse foco, produtores, trabalhadores e técnicos participaram do Curso Recuperação e Reforma de Pastagens, promovido pelo Sindicato Rural Patronal de Londrina e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR) no mês de setembro. Com duração de 24 horas, o curso contou com aulas teóricas e visitas a propriedades rurais.
O objetivo principal deste treinamento, de acordo com o instrutor do SENAR, Paulo Marchesan, que é agrônomo, é mostrar ao pecuarista que há possibilidade de produzir um pouco mais de carne e leite, por área, investindo em fertilidade do solo. “Nossas pastagens sempre foram localizadas em áreas de solos fracos, de modo geral não são feitas correções com calagens e adubações”, explicou Marchesan.
Segundo ele, o Paraná tem condições climáticas superfavoráveis para a pecuária, porém as deficiências nutricionais de solo impedem a boa produtividade. As plantas forrageiras que, em geral, são as melhores espécies para pastagens, sem adubação e correção, não conseguem se desenvolver. A consequência é uma pecuária pobre em termos de carne por hectare ou litro de leite/dia. “Temos bons capins, mas nossos pastos são pobres em nutrientes”.
Entre as principais correções de fertilidade, ele destaca a calagem e gessassem. O curso mostra a importância, passo a passo, de como fazer as correções de maneira econômica, com insumos básicos que eliminam a acidez e repõem os nutrientes necessários como cálcio, magnésio e fósforo, retirados ao longo dos anos devido ao extrativismo.
No Brasil, a pecuária de leite registra em média 5 litros de leite/vaca por dia. No Paraná, pouco menos de 10 litros/dia, mas se o produtor tiver uma concentração de proteínas e nutrientes adequadas, há possibilidade de chegar a 20 litros/vaca por dia.
Segundo o instrutor, há vários exemplos de pecuaristas que “acordaram” após o curso e começaram a utilizar o primeiro degrau da recuperação, que é a correção da acidez, com o uso do calcário. Já tiveram bons resultados e o objetivo deles é crescer, principalmente na pecuária leiteira.
Marchesan ressalta que o foco do curso está no correto manejo do pasto com a possibilidade de aumentar produtividade e custo menor. “É melhor investir no pasto que é mais garantido e proporciona uma alimentação natural e mais barata, do que comprar alimentos para coxos que ficam bem mais caros”, compara o instrutor.
Para ele, o que falta ao pecuarista é entender que o pasto necessita de tantos cuidados como uma lavoura de grãos. “A diferença é que a pastagem é colhida todo dia, enquanto a lavoura de grãos colhe-se uma ou duas vezes ao ano e, mesmo assim, o agricultor fertiliza e aduba com frequência”, compara Marchesan, acrescentando que tudo isso exige uma mudança de comportamento do produtor. “A ideia é que eles saiam daqui como agricultores de pastos e não pecuaristas de pastos”, complementou.
O presidente do Sindicato rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinati, informa que, para facilitar o trabalho do pecuarista na correção do solo, o município recebeu recurso, por meio de emenda parlamentar do deputado federal Luiz Carlos Hauly, para aquisição de duas máquinas fabricadas com patente, que fazem a aplicação de insumos em áreas declivosas no pasto.
“O recurso está há dois anos na Caixa Econômica aguardando autorização municipal para a compra. Esse equipamento seria uma revolução para os pecuaristas, que dobrariam sua produtividade e trariam maior receita e arrecadação ao município”, afirmou Pissinati.
O pecuarista Gabriel Gambini de Souza, que tem propriedade em Cornélio Procópio, fez o curso para atualizar as informações e melhorar o conhecimento em pastagens. “Hoje não fazemos nada para melhorar o pasto, mas agora estou vendo que é preciso investir na correção de solo, manejo, adubação, taxa de lotação, se quisermos ter uma produtividade maior”, comentou.
Fonte: Revista Sindicato Rural Patronal de Londrina out/nov