quarta-feira, 25 de setembro de 2024

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Mapa aponta contaminação em cervejas da Backer produzidas desde janeiro de 2019

Análises do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) indicam a presença dos contaminantes dietilenoglicol e etilenoglicol em cervejas produzidas pela marca Backer desde janeiro de 2019, conforme relatórios de produção disponibilizados pela empresa. Após a validação do método quantitativo, que permite determinar a quantidade de contaminantes, o Mapa fez a análise de mais de 700 amostras de produtos e insumos coletados na cervejaria Backer e no comércio, visando apurar a contaminação.

Até o momento os rótulos de cervejas contaminadas detectadas pelo método quantitativo são: Belorizontina, Capitão Senra, Backer Pilsen Export, Corleone, Capixaba, Três Lobos Pilsen, Layback D2 e Bravo.

A empresa também solicitou a reabertura e a liberação de seu parque fabril. O pedido será atendido somente após a cervejaria cumprir as exigências feitas pelo Mapa e ser capaz de garantir a segurança da produção futura.

Análises

No início das apurações, o Mapa trabalhou com o método qualitativo para detectar a presença dos contaminantes e assim mitigar os riscos à saúde dos consumidores. Após validação do método quantitativo pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) de Minas Gerais, as análises passaram a fornecer a quantidade dos contaminantes nas amostras, o que resultou em uma diferença entre alguns resultados obtidos com o método qualitativo.

Apesar da diferença em alguns lotes, o Mapa ressalta que todos os lotes divulgados com presença dos contaminantes estavam desconformes, mesmo não sendo possível a identificação da quantidade específica presente no produto. “O método qualitativo, apesar de não ser capaz de fornecer informações quanto à quantidade dos contaminantes nas amostras, apresenta maior sensibilidade à presença desses contaminantes, e desta forma identifica-os em níveis inferiores aos detectados pelo método quantitativo”, explica o coordenador-geral de Vinhos e Bebidas da Secretaria de Defesa Agropecuária, Carlos Muller.

A empresa está sendo comunicada dos resultados desconformes das análises quantitativas de seus produtos, e conforme procedimento previsto no Decreto 6.871/2009, poderá requisitar contraprova caso queira contestar os resultados das análises fiscais.

Durante o processo de apuração de contaminação, a cervejaria Backer foi autuada pelo descumprimento de intimações que solicitavam informações essenciais à apuração do caso e determinavam o recolhimento de produtos suspeitos de contaminação no mercado. Como a empresa não cumpriu as intimações em tempo hábil, foi autuada e poderá apresentar defesa às infrações impostas no processo administrativo competente.

O Mapa continuará as apurações da contaminação nas bebidas da cervejaria, atendendo missão da Defesa Agropecuária de garantir a qualidade e inocuidade dos produtos agropecuários.

Onze indiciados

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu, na última segunda-feira (8), as investigações acerca do caso da síndrome nefroneural provocada pela contaminação de cerveja. O inquérito policial indicia 11 pessoas em crimes como lesão corporal, homicídio e intoxicação de produto alimentício.

As investigações tiveram início no dia 5 de janeiro deste ano e, após análises com mais de 100 perícias e 70 pessoas prestarem depoimentos, foi constatado que a contaminação foi ocasionada no local da produção da cerveja por monoetilenoglicol e dietilenoglicol, líquidos refrigerantes que não poderiam entrar em contato com nenhum tipo de produto alimentício. O Superintendente de Polícia Técnico-Científica, Médico-Legista Thales Bittencourt, explica que “ambas as substâncias são tóxicas. É verdade que o dietilenoglicol tem o nível de toxicidade maior que o mono, mas ambos são igualmente tóxicos e causam a síndrome nefroneural”, ressaltou.

O Delegado Flávio Grossi, responsável pelas investigações, explicou que, no inquérito, até o momento, 29 vítimas foram confirmadas, sendo sete fatais e 22 sobreviventes com lesões corporais. “Fechamos com 29 vítimas efetivas, o que não quer dizer que não existam outras vítimas porque ainda têm 30 vítimas que já reclamaram de uma possível intoxicação/contaminação, que serão averiguadas”, detalhou.

O inquérito policial conclui que houve contaminação culposa. O Delegado Flávio Grossi confirma que “agiram de forma culposa nos hábitos produtivos, sem intenção, por perícia ou imprudência. Eles agiram de forma negligente na atuação que deveriam agir como garantidores da produção cervejeira”, afirmou. Grossi ainda explica que havia vazamentos em tanques de cerveja. “O vazamento fisicamente ocorreu porque havia furos nos tanques, no alinhamento da solda. Mas a questão a se destacar não é a ocorrência do vazamento, é o uso de uma substância tóxica dentro de uma planta fabril destinada à alimentação. Ela não poderia ocorrer, por uma simples análise de elementos técnicos nos equipamentos usados. Bastaria uma simples análise, uma simples leitura de três linhas para saber que aqueles equipamentos deveriam funcionar com anticongelantes não tóxicos”, ressaltou.

Os indiciados foram uma testemunha, que responderá por extorsão e falso testemunho; o chefe da manutenção, que responderá por homicídio culposo, lesão corporal culposa e contaminação de produto alimentício culposa; seis responsáveis ligados diretamente à produção cervejeira, que responderão por homicídio culposo, lesão corporal culposa e contaminação de produto alimentício dolosa; e três pessoas da gestão da empresa, que responderão por ato pós-produção devido ao descumprimento de normas administrativas.

Por meio de nota, a assessoria da cervejaria mineira disse que “reafirma que vai honrar com todas as suas responsabilidades junto à Justiça, às vítimas e aos consumidores”. Sobre o inquérito policial, a Backer informou que “tão logo os advogados analisem o relatório, a empresa se posicionará publicamente”.

Fontes: Mapa e Polícia Civil de Minas Gerais

 

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