O clima frio e a baixa umidade do ar, típicos dessa época do ano, preocupam os agricultores, principalmente, em relação ao cultivo de café. Ano passado, 173,6 mil hectares de lavouras do fruto foram atingidos por geadas, a perda ocorreu em aproximadamente 19% dos cafezais de Minas Gerais, segundo estimativas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater). Para minimizar os prejuízos no campo, o professor de Agrometeorologia e de Energia na Agricultura Pedro Castro Neto, da Escola de Engenharia (EENG) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), adaptou uma máquina nebulizadora, utilizada para a aplicação de produtos de proteção fitodomissanitário, para criar uma neblina artificial que impede que a geada atinja o cafezal.
As pequenas gotas de óleo mineral, diesel ou biodiesel, geradas pela nebulização, ficam em suspensão no ar, formando uma neblina artificial. Essa neblina deve ser feita a partir do ponto mais alto da bacia hidrográfica que se encontra a lavoura, para assim escoar até as partes baixas, ajudando a manter o calor junto à cultura e impedindo a concentração do ar frio. Isso ocorre porque a energia acumulada pelos corpos vem dos raios solares e tende a diminuir com o passar do dia, desse modo, a folha da planta esfria antes do que o ar atmosférico.
“Todos os corpos absorvem a radiação que vem do sol e emitem ondas, com um clima muito seco nessa época, a radiação da planta sobe e se dissipa, assim, a planta esfria mais rápido, chegando abaixo do limite que ela suporta, suas moléculas de água então se cristalizam e ela congela por dentro”, explica o professor da UFLA. A nebulização artificial vem então para impedir que essa radiação se perca no espaço. Realizada durante a madrugada de geada, seu início deve ocorrer quando a temperatura no ponto mais baixo da lavoura chega a 2º graus, para evitar danos às folhas.
As frentes frias que chegam junto com o início da colheita, tornam a situação mais delicada, por isso, além da nebulização artificial – conhecida como combate direto, outras medidas preventivas anuais podem evitar que as plantas sofram com o frio, minimizando os prejuízos no campo. “São medidas de longo e de curto alcance e medidas emergenciais. De longo ocorre desde a escolha do terreno, a arborização, já as de curto englobam o tipo de muda, a adubação da planta, limpeza do terreno e limpeza da área abaixo da lavoura que protegem contra as geadas de canela. Há ainda as medidas emergenciais, como pulverizar a lavoura com sulfato de potássio para aumentar a permeabilidade e elasticidade das células da planta”, diz.
As geadas ocorrem com mais frequência no inverno, quando as plantas apresentam menor atividade fisiológica, em razão da escassez de água, das baixas temperaturas e de menores durações dos dias. É possível prever a ocorrência de geadas com antecedência de até 72 horas. Embora, mesmo com todos os cuidados as plantas possam sofrer danos com as baixas temperaturas, o especialista lembra que “uma lavoura bem cuidada resiste mais e reage melhor aos efeitos da geada”, finaliza Pedro.
Fonte: UFLA