
A agricultura digital se consolida como ferramenta estratégica para decisões assertivas no campo, mas seu sucesso depende diretamente da qualidade, organização e análise dos dados, sempre combinada com a interpretação humana.
Essa foi a principal mensagem de Rafael Battisti, agrônomo e especialista em tecnologias para o agronegócio, em sua palestra "Inovação que brota do solo: como a agricultura digital está mudando o campo", realizada nesta quinta-feira (3) no Bela+, evento realizado pela Belagrícola, focado em soluções técnicas e comerciais para as culturas de inverno.
Segundo o especialista, a produtividade no campo, é resultado de diversos fatores, como clima, solo, planta e o manejo adotado pelo produtor, mas, em media, cerca de 50% do potencial produtivo é perdido devido a manejos limitantes — decisões que estão nas mãos do próprio agricultor. Nesse cenário, a agricultura digital surge como ferramenta estratégica, capaz de organizar informações e auxiliar o produtor na tomada de decisão. “Ela contribui para que se faça a melhor escolha e a melhor estratégia de manejo, potencializando a produtividade do talhão”, explica.
Sustentailidade e gestão
Quando se trata de sustentabilidade, o especialista comenta que não basta dizer que a produção é sustentável — é preciso provar com dados e a agricultura digital viabiliza quantificar e registrar essas informações. Isso inclui, por exemplo, demonstrar que houve aumento de carbono no solo ou que determinada prática foi mais eficiente ou produtiva. “Quando dizemos que somos mais sustentáveis, estamos provando com dados de solo e produtividade do talhão, mostrando que o manejo realmente está potencializando as questões sustentáveis”, reforça Battisti.
No campo da gestão, a agricultura digital possibilita coleta, processamento e cruzamento de dados, transformando-os em informações úteis para o planejamento. Segundo Battisti, sejam quais forem os dados, de produtividade, solo, custos com máquinas, imagens de satélite, estes devem estar disponíveis e organizados para serem trabalhados. O objetivo é construir um planejamento baseado na realidade de cada talhão da propriedade, para se ter uma gestão eficiente.
Uso da tecnologia amplia a visão sobre a fazenda
Com o apoio da tecnologia, o produtor pode visualizar diferentes aspectos da propriedade ao mesmo tempo. A digitalização organiza essa diversidade de informações, possibilitando decisões mais precisas. Mas, para isso, é preciso começar pelo diagnóstico do próprio sistema tecnológico. “Já usa software de manejo? Tem mapa de colheita? Estação meteorológica que registra dados na fazenda? Esse é o primeiro passo. Um diagnóstico”, orienta Battisti.
Em seguida, é necessário buscar plataformas e suporte que entreguem dados relevantes para as demandas específicas da propriedade. A chave para bons resultados na agricultura digital está em identificar as necessidades reais da fazenda. O especialista em agricultura digital alerta que há muitas plataformas disponíveis, mas o sucesso está na escolha adequada à realidade do produtor: “A identificação correta da necessidade transforma tecnologia em resultado”.
Eficiência tecnológica se transforma em lucratividade
Battisti afirma que não é a quantidade de tecnologia que garante produtividade ou lucro. “Tem produtor com baixo nível tecnológico e bons resultados, e outros com alto nível tecnológico sem desempenho produtivo. A eficiência no uso das ferramentas é o diferencial e ter uma pessoa dedicada a isso na propriedade é essencial”.
Como exemplo, cita estudos que mostram o aumento da produtividade da faixa de 50 - 55 sacas por hectare para mais de 80 sacas em propriedades que adotaram softwares para recomendação de adubação com base em dados, manejo de calagem e datas de semeadura ajustadas ao risco climático. “A tecnologia digital foi só um meio que possibilitou ao produtor migrar de uma recomendação de adubação que era simplista para uma recomendação de adubação baseada em dados de alta produtividade”, complementa.
“O importante é ter a ferramenta, a coleta correta dos dados e, na ponta, alguém que interprete essas informações com eficiência. A combinação de dados, ferramentas e conhecimento técnico é o que transforma informação em produtividade e dados em lucratividade”, disse o especialista.
Clima está na agenda desta sexta-feira
O evento Bela+ termina nesta sexta-feira, dia 4, com palestra do agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, sócio da Rural Clima.
Ele apresentará estratégias para interpretar os sinais climáticos e tomar decisões mais seguras no plantio, colheita e manejo, tema especialmente relevante diante das recentes instabilidades climáticas que afetaram a produção agrícola
Serviço
Bela+
Data: de 2 a 4 de julho
Local: Unidade de Difusão de Tecnologia em Cambé (PR), na Rodovia Celso Garcia Cid, km 92
Horário: das 8 às 18 horas
Para mais informações, os interessados podem acessar o site www.belamais.com.