
A oscilação cambial segue como fator central na formação de preços dos defensivos agrícolas no Brasil. Ainda assim, entre janeiro e junho de 2025, a área tratada com defensivos avançou 3,1%, alcançando mais de 1,1 bilhão de hectares, enquanto o volume de produtos aplicados cresceu 4,5%, segundo pesquisa da Kynetec Brasil realizada a pedido do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg).
"A variação cambial ainda exerce forte influência sobre os custos. Em alguns momentos é possível manter os valores em reais estáveis, mas a oscilação do dólar para cima ou para baixo impacta diretamente. Além disso, o mercado brasileiro vive hoje uma concorrência muito forte, com a entrada de diversas empresas”, afirma o vice-presidente do Sindiveg e CEO da ADAMA Brasil, Romeu Stanguerlin.
Mercado deve seguir ritmo da safra 2024/25
O gerente sênior de Comunicação, Sustentabilidade e Inovação da ADAMA Brasil, Roberson Marczak, avalia que o mercado de defensivos deve acompanhar de perto o ritmo da safra 2024/25, sem perspectiva de crescimento significativo em relação ao ano anterior. Segundo ele, a definição do desempenho anual depende principalmente do segundo semestre, quando ocorre a maior concentração das vendas do setor.
De acordo com a sazonalidade típica do mercado, o primeiro trimestre (janeiro a março) responde por cerca de 15% das vendas, enquanto o segundo trimestre representa aproximadamente 25%. O grande volume de comercialização, no entanto, acontece no terceiro e no quarto trimestres, período decisivo para o fechamento dos resultados do ano. “Essa concentração está diretamente ligada ao calendário agrícola brasileiro, que concentra o plantio da safra principal entre setembro e dezembro, elevando a demanda por insumos”, afirma.
As informações sobre o mercado de defensivos agrícolas foram apresentadas pelo Sindiveg durante press trip realizada na sede da ADAMA Brasil, que reuniu jornalistas e convidados, entre eles o pesquisador da Unesp/Botucatu, Edivaldo Domingues Velini.
Velini destaca que o mercado brasileiro de defensivos agrícolas ocupa posição de destaque no cenário mundial. O país segue como o maior mercado global, impulsionado pelo caráter tropical da agricultura, que mantém condições para o desenvolvimento de pragas praticamente durante todo o ano, diferentemente de países de clima temperado, onde o frio reduz esse risco por longos períodos.
Apesar da dimensão do setor, o pesquisador reforça que o agricultor não usa defensivos para aumentar a produção, mas sim para preservar o potencial produtivo e proteger o investimento realizado na lavoura. “O produtor aplica o mínimo necessário para garantir que consiga colher”, explica.
Ele acrescenta ainda que a indústria tem desenvolvido formulações cada vez mais específicas e seguras. Os fungicidas, por exemplo, atuam na síntese de ergosterol, substância produzida apenas por fungos, enquanto certos inseticidas inibem a mudança de fase em insetos, sem afetar outros organismos. Essa especificidade tem sido fundamental para ampliar a segurança no uso dos produtos.
Pesquisa– De acordo com a Pesquisa da Kynetec Brasil, o aumento no uso de defensivos foi puxado principalmente pelo bom desempenho das lavouras de safrinha, como algodão e milho, que tiveram mais área plantada e maior aporte tecnológico. Por outro lado, a estiagem no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul reduziu o manejo da soja, especialmente no uso de fungicidas.
Em relação às culturas, o milho respondeu pela maior área tratada (33%), seguido pela soja (28%) e pelo algodão (16%). Quanto ao tipo de produto, 40% do volume aplicado correspondeu a herbicidas, 29% a inseticidas, 21% a fungicidas, 1% a tratamentos de sementes e 8% a outros insumos, como adjuvantes e inoculantes.
O estudo utilizou como base o indicador de Área Potencial Tratada (PAT), que considera o número de aplicações e a variedade de produtos usados por área, permitindo mensurar a intensidade do uso de tecnologias no campo.


