Pela primeira vez, um café especial com Indicação Geográfica (IG) produzido por mulheres do norte pioneiro do Paraná será apresentado em uma feira internacional. Os grãos terão espaço no estande da embaixada brasileira na Expo Café Chile, que será realizada nos dias 13 e 14 de julho, em Santiago, no Chile.
Os grãos de alta qualidade produzidos no sítio Nossa Senhora Aparecida, em Pinhalão, serão apresentados no evento. Rafaela Mazzottini Silva, que há cerca de seis anos começou a estudar mais a fundo sobre cafés especiais, motivada pela paixão do marido, o também cafeicultor Jonas Aparecido da Silva, representará o grupo de mulheres do distrito de Lavrinha.
“Recebi o convite com surpresa, fico agradecida pela oportunidade de levar o café do norte pioneiro para fora do País. A IG tem uma importância enorme, acrescentou muito na propriedade e nas nossas vidas”, conta.
Ela lembra que, em 2019, comercializava o pacote de 500g de café torrado a R$ 25. Hoje, vende pelo dobro do valor, graças à boa aceitação do mercado. Para o Chile, levará os grãos em embalagens personalizadas com o selo de Indicação Geográfica (IG), com a marca Ghini, que contam a sua história na cafeicultura.
Claudionira Inocência de Souza, cafeicultora e coordenadora do grupo das mulheres do café de Matão, em Tomazina, vai acompanhar Rafaela na feira. Ela conta que o projeto Mulheres do Café começou em 2013, no norte pioneiro do Paraná. Hoje, a região concentra em torno de 150 cafeicultoras.
Assim como os homens, elas têm acesso a cursos, oficinas e capacitações pelo Sebrae/PR, além de assistência técnica do IDR-Paraná. Formalizada em 2010, a associação de cafeicultores do Matão que, até então era formada apenas por homens, ganhou mais um “P” a partir de 2014, e se tornou a Associação de Produtores e Produtoras de Cafés Especiais do Matão (Approcem), com a chegada das mulheres.
“As pessoas não sabem o tamanho da importância daquele ‘P’ nas nossas vidas. Já havia um trabalho muito bom dos homens e não foi difícil, para nós, trabalharmos com cafés especiais. Tivemos ajuda da família, construímos um grupo forte, com visibilidade. As mulheres chegaram para somar”, afirma Claudionira que, por quatro anos, também foi presidente da Associação das Mulheres do Café do Norte Pioneiro (Amucafé).
Ela conta que a maioria dos cafés especiais, na forma crua, é exportada para a Europa e Austrália. Durante o ano, as propriedades recebem de cinco a seis visitas de compradores do exterior. Agora, com a oportunidade aberta a partir da Expo Café Chile, a expectativa é conseguir um novo parceiro comercial.
“Somos da agricultura familiar. Não éramos reconhecidas e valorizadas. Hoje, ter esse reconhecimento é bom demais. Faz muita diferença em nossas vidas, famílias e para o norte pioneiro”, agradece.
Além dos cafés do norte pioneiro do Paraná, estarão representados no estande brasileiro da Expo Café Chile grãos de São Paulo, Minas Gerais e Rondônia. Para o consultor do Sebrae/PR, Odemir Capello, a participação no evento representa uma oportunidade de levar os cafés com IG do norte pioneiro para mais um país e, ao mesmo tempo, valorizar o trabalho das mulheres cafeicultoras da região.
“A IG cumpre o seu papel de gerar desenvolvimento e dar visibilidade para o norte pioneiro, atraindo compradores do Brasil e do exterior”, acrescenta.
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