segunda-feira, 20 de maio de 2024

Agropecuária, Cooperativismo, Eventos, Oportunidades
Com recorde de público,  Simpósio no MS aponta soluções para reduzir perdas no pós-colheita
21/09/2023
Palestra de abertura ressaltou o  grande potencial de crescimento sustentável do MS, mas alertou para os gargalos que precisam ser superados no estado, como a capacidade estática
Por: Redação
Simpósio Pós colheita grãos logística - Conexão Agro
Evento superou as expectativas em número de inscritos, totalizando 400
Fotos: Divulgação/Marilayde Costa
Tags: Abrapos, Simpósio Pós-Colheita, simpósio pós-colheita de grãos

O V Simpósio de Pós-Colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul (VSPGMS2023) foi aberto nesta  quarta-feira (20/09), no Salão Paroquial de Maracaju (MS),  com recorde de público, totalizando 400 participantes. Com o tema “Tecnologia e Qualidade na Armazenagem de Grãos", o evento prossegue até sexta-feira (22) destacando assuntos relacionados à logística de transporte dos grãos, armazenagem, secagem, beneficiamento, classificação, conservação e comercialização dos grãos.

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Solenidade de abertura do V Simpósio Pós_colheita do Mato Grosso do Sul

A cerimônia de abertura do evento sobre pós-colheita de grãos foi um sucesso, com a participação de diversas autoridades, como o prefeito de Maracaju, Marcos Calderan, o presidente do Sindicato Rural de Maracaju, Fábio Caminha, o presidente da Associação Brasileira de Pós-Colheita de Grãos (Abrapos), José Ronaldo Quirino, e o presidente da Comissão Organizadora do Evento, José Carlos Andrade. O diretor da Coamo, Edenilson Carlos de Oliveira, fez a palestra de abertura, na qual apresentou dados sobre o crescimento elevado da produção de grãos no Mato Grosso do Sul, entre outros temas relativos à logística, transporte e armazenagem.

 Segundo Oliveira, o estado saiu de uma produção de 6 milhões de toneladas de grãos em 2001 para 28 milhões de toneladas em 2023, um aumento de mais de 360%. Ele também mostrou como a área plantada cresceu em diferentes regiões do estado, como Amambai, que dobrou sua área de soja, a região Sudoeste, que quase triplicou, e a região da Grande Dourados, que aumentou em mais de 50%.

Oliveira ressaltou que o Mato Grosso do Sul ainda tem um grande potencial de crescimento sustentável, pois pode aproveitar as áreas de pastagens que estão sendo convertidas em lavouras, sem necessidade de desmatamento. Ele também destacou as vantagens da irrigação, do aquífero guarani, da bacia hidrográfica e das pesquisas que desenvolvem cultivares mais produtivas. No entanto, ele alertou para os gargalos que precisam ser superados no estado, como a capacidade estática insuficiente para armazenar toda a produção e os desafios logísticos para escoar os grãos pelos portos da região.

Um dos aspectos importantes da palestra foi a questão dos modais de transporte. Segundo Oliveira, o Moegão é uma obra do Governo do Estado do Paraná que vai melhorar a logística do Porto de Paranaguá. O projeto prevê a construção de uma estrutura exclusiva para a descarga dos trens que trazem grãos e farelos para os 11 terminais do Corredor Leste de Exportação. Com isso, espera-se um aumento de 63% na capacidade de descarga ferroviária.

Oliveira afirma que o Moegão vai permitir uma maior integração entre o modal rodoviário e o ferroviário, especialmente. “Hoje, no Porto de Paranaguá, 80% das cargas de importação e exportação são feitas por caminhões, enquanto apenas 20% são transportadas por trens. Isso se deve às limitações que existem no modal ferroviário”, explica.

 Autoridades destacam importância do evento

O prefeito Marcos Calderan elogiou a iniciativa e afirmou que o município é referência na produção de grãos no estado. “Queremos continuar crescendo e melhorando nossa agropecuária. Por isso, apoiamos eventos como este, que valorizam o setor”, disse.

O presidente da Abrapos, José Ronaldo Quirino, também destacou os benefícios do evento para a atividade agrícola. “Aprendemos muito com as palestras, as demonstrações e as trocas de experiências. Nosso objetivo é reduzir as perdas no pós-colheita e aumentar a qualidade dos nossos produtos”, comentou.

O presidente do Sindicato Rural de Maracaju, Fábio Caminha, ressaltou que o evento contribuiu para solucionar os desafios logísticos enfrentados pelos produtores. “Temos que garantir que os grãos cheguem ao mercado em boas condições e com preço justo. O evento nos mostrou as melhores práticas e tecnologias para isso”, afirmou.

O presidente da Comissão Organizadora do evento, José Carlos Andrade, ficou satisfeito com a adesão dos expositores e do público ao evento. A Coamo é uma das cooperativas que apoiam a Abrapos na realização de eventos de pós-colheita. “É uma parceria que visa o desenvolvimento do setor”, declarou.

O evento reuniu, no primeiro dia, profissionais de 10 estados brasileiros (Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo) e 40 expositores/patrocinadores.

Biomassa e secagem de grãos

O primeiro painel do simpósio debateu o uso de biomassa na secagem de grãos, prática promissora que pode contribuir para a redução da dependência de combustíveis fósseis, além de promover a sustentabilidade e a eficiência no setor agrícola.

O engenheiro florestal Giordano Corradi, da Flamma Engenharia, proferiu a primeira palestra e descreveu o cenário florestal do Brasil, alertando para o aumento do déficit de biomassa de madeira para a produção de energia térmica como fonte de energia na secagem de grãos, no aquecimento de granjas e nas caldeiras de diferentes processos agroindustriais. Segundo Corradi, com as demandas das grandes indústrias de celuloses que devem entrar em operação no mercado nos próximos anos, como a unidade da Suzano Celulose em Ribas do Rio Pardo (MT) e da Arauco Celulose, em Inocência (MT), e a Paracel que está comprando floresta no Mato Grosso, há uma estimativa de falta de cerca de um milhão de hectares. "Essa corrida por terras e madeira pelo setor produtivo de celulose acaba dificultando a corrida do agro pela mesma madeira. A solução para este problema é o agro assumir a produção da sua própria madeira, seu próprio combustível", aponta Corradi.

O engenheiro agrícola Luis Antonio Picoli Volpato, que é supervisor operacional da C.Vale, falou sobre o custo da energia da lenha, do cavaco e da biomassa. Ele explicou que as duas principais fontes de energia usadas no setor de pós-colheita na secagem de grãos são a lenha em metro e o cavaco de lenha, por causa da disponibilidade no mercado. Segundo ele, essas duas fontes de energia têm um custo diferente de aquisição e produção, e também um coeficiente diferente de consumo e energia. Ele afirmou que o cavaco é mais vantajoso, mesmo sendo mais caro, porque ele tem mais energia armazenada na biomassa.

"O que define o poder calorífico da lenha e do cavaco é o tamanho da partícula. O cavaco tem uma área de contato com o calor quatro ou cinco vezes maior que uma tora de lenha, porque ele tem até 40/50 milímetros. Então ele é mais eficiente termicamente do que a lenha", disse ele.

"Estamos em um processo de mudança da lenha em metro para o cavaco, por causa da eficiência, mas também por causa da automação e da falta de mão de obra capacitada", finalizou.

O coordenador técnico da Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul), Vinícius Henrique Bernardi, fechou o painel, apontando os desafios operacionais no processo de armazenagem de grãos e apresentou os bons resultados da experiência da Copasul na automação de uma de suas unidades armazenadoras de grãos. Bernardi relata que esta foi a solução encontrada pela cooperativa para resolver a falta de mão de obra para ocupar as vagas sazonais nas safras de soja e milho. "Além de suprir o déficit de mão de obra, a automação reduz custo e consumo de matéria-prima, melhora a eficiência dos processos e diminui as perdas em todos os processos dentro da cadeia produtiva", detalha Bernardi.

Na opinião dele, o setor de armazenagem tem muito para evoluir quanto ao desenvolvimento tecnológico para que os processos do setor sejam cada vez mais eficientes.

O V Simpósio Pós-Colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul, promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos), conta com a realização da Coamo Agroindustrial Cooperativa e copromoção das instituições cooperativas Copagril, Copasul, C.Vale, Cooperalfa, Cocamar, Cotriguaçu, Lar, Universidade UFGD,  Conab e da Embrapa.

Sobre a Abrapos - Fundada em 1987, a Associação Brasileira de Pós-Colheita é uma organização sem fins lucrativos que visa promover o desenvolvimento tecnológico e a inovação na área de pós-colheita de grãos. A sede da associação fica em Londrina, no Paraná, e seu objetivo é contribuir para a diminuição das perdas de grãos que ocorrem durante e depois da colheita, beneficiando os produtores, os armazenadores e os profissionais do setor.

SERVIÇO

Evento: V Simpósio Pós-Colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul

Data:  De 20 a 22 de setembro de 2023

Local: Maracaju – MS – Salão Paroquial II

Informações: https://spgms2023.abrapos.org.br/programacao/

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