Com a estimativa de atingir 12 milhões de toneladas, conforme
projeções de consultorias do agronegócio, o trigo ganha cada vez
mais força na safra de inverno 2023/2024, graças a pesquisa que
traz inovações através de cultivares.
Para este ano, a Embrapa Soja e o Instituto de Desenvolvimento
Rural do Paraná (IDR-Paraná), em parceria com a Fundação
Meridional, farão o pré-lançamento da cultivar de trigo BRS
Coleiro e o lançamento do triticale BRS Tambaqui, ambos com
maior potencial produtivo e resistência a doenças.
O Coleiro apresenta qualidade industrial, atendendo às
características necessárias para se produzir alimentos como
pães, massas, biscoitos e bolos, podendo ainda ser misturado
com farinhas fracas para produção de massa.
“É uma cultivar de porte médio, com boa resistência ao
acamamento, além de ser moderadamente resistente à giberela
e às manchas foliares”, afirma o pesquisador da Embrapa Soja,
Manoel Carlos Bassoi.
De ciclo precoce, o Coleiro está indicado para as Regiões 1, 2 e 3
do Paraná e Santa Catarina e Região 2 de São Paulo, bem como
o triticale Tambaqui, um cereal de inverno obtido pelo
cruzamento artificial de trigo com centeio.
A produção do Tambaqui destina-se principalmente à
alimentação animal, além de outros usos, como para fabricação
de massas. Também de ciclo precoce, a BRS é resistente ao
acamamento, apresentando alta resistência à germinação na espiga. Este é o grande diferencial da cultivar se comparada com
outros triticales.
Segundo Bassoi, as tecnologias geradas pela pesquisa,
principalmente o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas
às diversas condições de cultivo, têm propiciado a obtenção de
ganhos na produtividade de grãos e na qualidade tecnológica
desses cereais. “Esperamos fomentar o cultivo e a
comercialização dessas cultivares para os diferentes sistemas de
produção de inverno nas regiões recomendadas”, afirma Bassoi.
Com ótima produtividade, ele observa que o rendimento de
grãos das duas cultivares foi obtido em experimentos conduzidos
em estações experimentais ou em áreas uniformes previamente
selecionadas nos estados do Paraná, de Santa Catarina e de São
Paulo.
Na Região 1 de Santa Catarina e do Paraná, por exemplo, a
produtividade do Coleiro chegou a 6.959 kg/ha e 5.555 kg/ha,
respectivamente. A produtividade do triticale Tambaqui
também foi excepcional na Região 1 de Santa Catarina,
registrando 7,163 kg/ha; 6.425 na Região 2 de São Paulo e 5.555
kg/ha na região 2 do Paraná.
“Algumas características agronômicas podem apresentar
variação com o ano, a região, o nível de fertilidade do solo e a
época de semeadura”, pondera o pesquisador.
Ele reforça que o Coleiro é um cultivar de trigo melhorador e alta
força de glúten, o que significa que tem excelente qualidade
para o pão industrial e o pão francês. “É uma cultivar de porte
médio, com boa resistência ao acamamento, não apresentando
nenhum problema sério de suscetibilidade a doenças, o que o
torna interessante”, enfatiza o pesquisador.
Em relação ao triticale Tambaqui, Bassoi destaca a resistência a
giberela, doença bastante comum que germina na espiga,
considerada a característica mais importante da cultivar. “De
modo geral, os triticales sempre foram muito suscetíveis à
giribela, mas este é o primeiro triticale resistente a germinação
na espiga. Esta cultivar está num padrão impressionante de
resistência à geribela”, comemora o pesquisador.
“Seguramente melhoramos bastante a cultivar e o grão dá pra
fazer farinha. Tem moageiro que mistura o triticale na farinha de
pão, pizza, tortas, entre outras, além de utilizá-lo para ração”,
complementa.
Mercado de cereais evolui em qualidade e diversidade
O mercado de cultivares com cereais de inverno evoluiu muito
na última década, tanto em qualidade quanto em diversidade. Os
usos incluem cultivares de trigo que atendem tanto a indústria
moageira (pães, massas e biscoitos), quanto a indústria de
proteína animal (carne, leite, ovos). Além do trigo, o triticale tem
sido o cereal mais demandado na fabricação de rações e com
grande potencial produtivo no campo.
Há mais de uma década, o Paraná vinha substituindo o cereal
pela segunda safra de milho. Mas, nos últimos dois anos, os
preços animaram os agricultores e também a qualidade das
cultivares, contribuindo para mudar o cenário agrícola durante o
inverno.
A área semeada com trigo está prevista em 3,2 milhões de
hectares para 2023/24, ante 3,1 milhões de hectares no ano
anterior, de acordo com o Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA)..
A produção brasileira está estimada em 11 milhões de toneladas
para 2023/2024 (início em outubro de 2023), ante 10,6 milhões
no ano anterior. As projeções estimam o consumo de trigo no
Brasil em 12,6 milhões de toneladas, ante 12 milhões de
toneladas do ano anterior, o aumento é justificado
principalmente pelo crescimento do consumo de trigo para ração
animal e fins industriais.
As exportações para 2023/24 foram estimadas em 4 milhões de
toneladas, ante 3,5 milhões de toneladas na temporada anterior.
As importações foram projetadas em 5,5 milhões de toneladas
em 2023/24, ante 5,6 milhões de toneladas em 2022/2023.
“O trigo sempre foi uma cultura de grande importância para a
sustentabilidade da produção de grãos. O fato do seu cultivo,
ocorrer nos meses de outono e inverno, representa uma
oportunidade aos agricultores de aumentar seus rendimentos e
diluir os custos fixos da propriedade”, afirma o pesquisador da
Embrapa Soja, Manoel Carlos Bassoi.
“Hoje temos todas cultivares bem definidas, temos todo tipo de
trigo, melhorador, brando, para massa, para pães, entre outros.
Também esperamos que o preço se mantenha”, diz Bassoi,
lembrando que o Paraná aplica boa tecnologia e o produtor
capricha no plantio. “Hoje a cultura é valorizada, antigamente
era usada apenas para fechar área”, disse.
Informações gerais
Coleiro
• Trigo Melhorador de ciclo médio apresentando grão extra duro
e alta força de glúten.
• Ideal para o fabrico de pão industrial, mistura com farinhas
fracas e produção de massas.
• É uma cultivar de porte médio, com boa resistência ao
acamamento e tolerante ao crestamento
• Resistente ao oídio e moderadamente resistente à giberela e às
manchas foliares
• Ciclo médio para Espigamento: 64 dias
• Maturação: 111 dias
Informações gerais
Tambaqui
• Cultivar de triticale de ciclo precoce
• Rusticidade, resistente ao acamamento e boa tolerância ao
crestamento
• Apresenta alta resistência à germinação na espiga
• Farinha utilizada em mistura com farinha de trigo, para
fabricação de biscoitos, pães caseiros e pizzas
• Ciclo precoce para espigamento: 63 dias
• Médio para maturação: 117 dias
Semeadura
Os períodos indicados para semeadura constam das Portarias do
Zoneamento Agrícola de Risco Climático do Ministério da
Agricultura e Pecuária (Mapa) publicadas anualmente. As
informações referentes às épocas de semeadura também podem
ser obtidas no aplicativo Zarc - Plantio Certo1.
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Embora seja um grande produtor de plantas ornamentais, o Brasil tem carência em pesquisa e melhoramento genético. Todas sementes de plantas ornamentais são importandas. Reportagem especial você acompanha no podcast “Conexão Agro”.