quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agropecuária, Eventos
Custo para recuperar área de pastagem degradada ultrapassa R$ 115 bilhões no Brasil
14/09/2024
V Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras discute maneira de fortalecer o setor e buscar ações práticas para contribuir com o sistema sustentável
Por: Redação
V Simpósio Brasileiro de Sementes Forrageiras - Conexão Agro
No Brasil, existem 159 milhões de hectares de pastagens sendo que 63%, ou seja, 99 milhões de hectares estão degradados
Fotos: Valdecir Gomes da Silva / Marcelo Guazzi
Tags: Abrates, cbsementes

Com o objetivo de discutir a importância e a disseminação das sementes forrageiras em terras brasileiras, já que elas estão diretamente ligadas à sustentabilidade ambiental, aconteceu o V Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras paralelo ao XXII Congresso Brasileiro de Sementes. Estiveram no simpósio representantes do governo, da iniciativa privada, da pesquisa e produtores para debater o assunto.

O engenheiro agrônomo, diretor da Infrapar Capital Partners, Marco Antônio Fujihara, trouxe alguns dados obtidos em 2022, pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da PR, bem significativos em relação a degradação do solo brasileiro. No Brasil, existem 159 milhões de hectares de pastagens sendo que 63%, ou seja, 99 milhões de hectares estão degradados. Desses 99 milhões de ha, 41% (65 milhões de ha) tem degradação intermediária e 22% (34 milhões de ha) com degradação severa. De acordo com ele, levantamento do Banco do Brasil aponta custo na ordem de R$ 116,1 bilhões para recuperação das pastagens degradadas.

V Simpósio Brasileiro de Sementes Forrageiras - Conexão Agro
“Se você plantar a forrageira, você consegue recuperar essa área degradada muito mais depressa, em vez de 5 anos, leva 2 anos”, comparou Marco Fujihara- Fotos: Valdecir Gomes da Silva / Marcelo Guazzi

Quando falamos em efeito estufa, sabe-se que o Brasil é o quinto maior emissor de gases do mundo. Segundo dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), 49% das emissões totais são por mudanças de uso da terra e queima de resíduos florestais. Porém, desses 49%, as alterações de uso do solo representam 92,2% e os resíduos florestais tem responsabilidade de 7,8%.Dentro desse cenário, Fujihara mostrou que a revitalização das áreas degradadas visa, por exemplo, o aumento da produtividade dos solos, a recuperação da biodiversidade e a redução da pressão sobre novas áreas.

Existem algumas decisões práticas a serem tomadas e uma delas é a utilização das sementes forrageiras, para fazer a retenção do carbono. “A forrageira é a base da recuperação da área degradada. Se você plantar a forrageira, você consegue recuperar essa área degradada muito mais depressa, em vez de 5 anos, leva 2 anos”, comparou Fujihara.

Ele apresentou no Simpósio uma área recuperada no Mato Grosso por meio da utilização das forrageiras. “Era uma fazenda de 5 mil hectares que estava semidesértica. Fizemos todo o processo de recuperação com forrageiras. As forrageiras é que fizeram a recuperação daquela área”, destacou.

Porém, esse tempo de recuperação tem um custo alto, e muitas vezes o produtor não consegue fazer o processo, que dura em média, 2 anos. Segundo Fujihara, esse é o maior desafio.

Mercado de Forrageiras

De acordo com o coordenador do Comitê de Forrageiras da ABRASEM (Associação Brasileira de Sementes e Mudas), Marcos Roveri José, estima-se que o mercado de forrageiras fechou o ano de 2023 na média de R$ 5 bilhões. Na visão dele, esse número expressivo deu-se devido à integração lavoura-pecuária. “Hoje já temos uma agricultura muito forte trabalhando dentro desses sistemas integrados de produção”, disse.

De acordo com Roveri, a braquiária e a russians são as espécies de maior produção. “Tem a questão da retenção do carbono, que é o que mais prega hoje, então a inserção da forrageira dentro do sistema é fundamental, você não tem um outro sistema tão capaz, tão pujante, igual a inserção de forrageiras”.

Durante o debate, Roveri ainda disse que o setor ainda precisa de mais dados oficiais e políticas públicas.

Evolução tecnológica

A pesquisadora da Embrapa Gado de Corte e organizadora do V Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras, Jaqueline Verzignassi, ressaltou que o setor tem ligação com a economia, a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica. Reforçou também que o uso da semente forrageira não é exclusivamente mais uma pastagem, mas é um grande negócio.

O setor também tem uma evolução na tecnologia. “Tem tecnologia industrial, tecnologia de preparo de sementes, de superação de dormência, tem tecnologia de colheita”, explica Jaqueline..

Segundo ela, o simpósio abordou inovações na produção de sementes forrageiras e na indústria, além de oportunidades de negócios que visam garantir a sustentabilidade. “O simpósio teve a participação de produtores, pesquisadores, representantes de grandes associações de produtores e fomentadores de pesquisa, que debateram estratégias mais efetivas e abrangentes de implementação de normativas para a produção e mercado de sementes”, disse Jaqueline.

Normativas precisam de atualização

Izabela Mendes Carvalho, coordenadora geral de sementes e mudas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) disse que tem uma lista de normativas que precisa ser atualizada. Segundo ela, o trabalho iniciou, mas ainda não tem previsão de conclusão. Em relação especificamente das sementes forrageiras, Izabela observa que essas espécies apresentam muitas peculiaridades e particularidades. “A gente tem a questão com relação à importação, ao desenvolvimento de materiais, de cultivares registradas, a questão do processo produtivo, precisamos ter algumas especificações”. A coordenadora do MAPA lembra que a pasta publicou a Lei 14.515, no final de 2023, instituindo o Programa de Autocontrole que ainda precisa ser regulamentado. “Estamos trabalhando com a regulamentação dessa lei para, depois disso, começar a rever as normas específicas”.

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