A preservação de abelhas nativas enfrenta desafios significativos, especialmente diante das mudanças climáticas e da degradação ambiental. Nesse contexto, ações que integram conhecimentos científicos, culturais e tradicionais tornam-se imprescindíveis. Foi com esse objetivo que a Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná, em Pinhais (PR), desenvolveu o estudo “A preservação das abelhas-sem-ferrão através do diálogo de saberes”.
O trabalho utiliza como exemplo prático o meliponário da Estação, localizado no jardim da sede. O espaço abriga sete espécies de abelhas nativas: Melipona quadrifasciata (Mandaçaia), Melipona marginata (Manduri), Tetragonisca angustula (Jataí), Plebeia remota (Mirim-Guaçu), Friesella schrottkyi (Mirim-preguiça), Plebeia droryana (Mirim Droryana) e Nannotrigona testaceicornis (Iraí).
Além de ser um refúgio para a biodiversidade, o meliponário funciona como centro de educação ambiental, sensibilizando a comunidade sobre a importância das abelhas-sem-ferrão e seus habitats. “As visitas têm como objetivo provocar reflexões que conectem a agroecologia com outras áreas de conhecimento. É uma forma de inspirar os participantes a desenvolver projetos no futuro, ampliando horizontes e criando vínculos com uma visão de mundo mais integrada”, explica Ana Simone Richter, engenheira agrônoma, extensionista do IDR-Paraná e uma das autoras do artigo.
Diversidade de públicos e abordagens
Em 2023, cerca de 2.400 pessoas visitaram a Estação de Pesquisa em Agroecologia. Em 2024, até agora, o local já recebeu mais de 1.900 visitantes, incluindo grupos variados como pesquisadores, agricultores, produtores e estudantes. Entre os estudantes, estão desde crianças da educação infantil até alunos de colégios agrícolas, cursos técnicos e graduações em áreas diversas, como Ciências Agrárias e Letras.
De acordo com Lizana Santos, zootecnista e técnica do Programa Paraná Mais Orgânico (PMO), também autora do artigo, as atividades são adaptadas para cada público. “Com as crianças, promovemos atividades lúdicas que incentivam a participação e o diálogo sobre a interação das abelhas com o meio ambiente. Já os cursos para adultos têm foco na capacitação, abordando manejo, alimentação e fisiologia das abelhas”, detalha.
Entre as atividades práticas está a confecção de ninhos-armadilha para capturar as abelhas, a qual pode ser feita com uma garrafa pet. “O legal é que pode ser feita com materiais reciclados, em casa, e não vincula uma experiência anterior. Conforme o interesse, nós ficamos à disposição para dar continuidade a esse aprendizado fazendo oficinas de outras etapas da criação de abelhas, como a transferência de colônias para caixas racionais e multiplicação delas”, reforça Lizana.
Resultados e contribuições
O estudo concluiu que o meliponário da Estação exemplifica como a integração de diferentes formas de conhecimento pode promover a preservação ambiental e práticas agroecológicas sustentáveis. Além de destacar a relevância das abelhas-sem-ferrão para a polinização e a produção de mel, o modelo serve como referência para a replicação dessas práticas em outros contextos, adaptadas às espécies e características regionais.
O artigo foi apresentado no X Congreso Latinoamericano de Agroecología, realizado em outubro de 2024, em Asunción, Paraguai. Para acessar o texto completo, clique aqui.
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