As discussões vêm de longe, mas se intensificaram nos últimos tempos com a recorrência de anúncios sobre os sucessivos recordes de temperatura média global, cujo alcance pode afetar todos os níveis de atividades no planeta, inclusive a produção de alimentos. Com relação a esse componente, como se comportam alguns cultivos mais sensíveis - como o das hortaliças - às ocorrências relacionadas às mudanças climáticas, onde são cada vez mais frequentes os eventos extremos de chuva e/ou de seca, apontados como exemplos dessas alterações?

Essa tem sido uma das vertentes dos trabalhos desenvolvidos pela Embrapa Hortaliças, que vem investindo em projetos de pesquisa e práticas culturais que atuam na redução dos impactos que essas mudanças provocam na horticultura: novas cultivares que toleram as temperaturas projetadas nesse cenário, adoção da tecnologia do sistema de cultivo protegido, trabalhos relacionados ao reúso do esgoto sanitário, após tratamento, para irrigação de canteiros de hortaliças (economizando água e nutrientes), entre várias outras perspectivas. Conhecimentos científicos que estão disponíveis no acervo bibliográfico da Embrapa.

“São diversas publicações com esse viés que levam a rubrica da Embrapa Hortaliças, e a tendência é que com o aumento das ocorrências relacionadas ao aumento da temperatura essas iniciativas sejam reforçadas”, aposta o pesquisador Carlos Pacheco, que desenvolve pesquisas sobre mitigação e adaptação dos sistemas produtivos de hortaliças às mudanças climáticas.

Entre as ferramentas de acesso às tecnologias que tratam do tema ele destaca as publicações da Série Documentos, Boletins de Pesquisa & Desenvolvimento, Circulares Técnicas e Comunicados Técnicos que descrevem tecnologias com impacto direto na olericultura, como a do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH).

“A importância da tecnologia do SPDH pode ser medida pelos benefícios de um sistema que reduz a pegada de carbono ao mesmo tempo em que reduz a demanda de água, nutrientes ou fertilizantes, e cujo processo encontra-se disponível nessas publicações”, pontua o pesquisador, que assina a edição técnica (juntamente com os pesquisadores Mariana Fontenelle e Marcos Braga) de livro sobre a temática, gratuito e disponível como e-book: "Mudanças climáticas e produção de hortaliças: projeções, impactos, estratégias adaptativas e mitigadoras", abordada também no artigo “Mudanças climáticas e produção de hortaliças: uma visão geral”.

PANCS

E quando essa temática envolve o trabalho com culturas que apresentam resistência natural aos efeitos das mudanças climáticas, as Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANC têm respondido bem aos desafios. Notadamente por suas características naturais como rusticidade, resiliência e adaptabilidade às condições climáticas, além de grande eficiência na absorção de nutrientes.

Cerca 300 espécies de PANC já foram catalogadas pela Embrapa Hortaliças, dentro do projeto de resgate dessas plantas coordenado pelo pesquisador Nuno Madeira, para quem a resiliência dessas espécies constitui o eixo dos experimentos conduzidos pela unidade de pesquisa, em parceria com produtores e instituições públicas e privadas. “A resiliência das PANC frente às condições adversas, observada milhões de vezes, é absolutamente a essência do trabalho que desenvolvemos com essas plantas”, acentua o pesquisador.

E não faltam informações envolvendo diferentes abordagens sobre as PANC como mostram alguns dos títulos de publicações que abordam a temática: HORTALIÇAS EM REVISTA. Ações de resgate e de multiplicação das hortaliças não convencionais promovem sua volta ao campo e à mesa.

Fonte: Embrapa Hortaliças