A professora Carolina Siqueira, da Universidade Federal de Lavras (UFLA-RS), apresentou um panorama das alternativas e técnicas para a análise sanitária de sementes. Ela salientou que, na maioria das vezes, há muitas sementes a serem analisadas em um período curto de tempo. “Precisamos otimizar os testes de detecção para oferecer respostas rápidas ao produtor ou ao profissional que necessita dos resultados, principalmente porque, quando pensamos na detecção, estamos também pensando em manejo. Se soubermos qual patógeno está associado à semente, podemos aplicar um manejo apropriado”, afirmou.
Carolina citou algumas técnicas de otimização de tempo, como o método de incubação em substrato de papel, o Blotter Test ou teste de sanidade, no qual “utilizamos papel umedecido para criar uma câmara úmida e analisar quais microrganismos surgem nos testes”, explicou. Ela também mencionou técnicas moleculares que visam detectar patógenos a nível de DNA.
O professor José Machado, referência em patologia de sementes pela Universidade Federal de Lavras (UFLA-RS), com mais de 45 anos de experiência, enfatizou a importância da saúde das sementes no Brasil. “Se não incorporarmos a questão da sanidade em todo o sistema, teremos deficiências constantes”, alertou. Ele defendeu a criação de um selo oficial de qualidade de sanidade para garantir que os produtores adquiram sementes livres de patógenos. “Atualmente, o agricultor tem informações sobre germinação e pureza física das sementes, mas não há um selo oficial que ateste a sanidade”, disse.
Cenário atual da análise sanitária de sementes
Glauco Antonio Teixeira, coordenador de controle de pragas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), ressaltou que o maior desafio é estabelecer padrões que atendam às necessidades dos usuários de sementes. Ele também destacou que o conhecimento técnico e científico deve caminhar junto com os órgãos reguladores para fornecer suporte à regulamentação.
A realidade do produtor
Fernanda Falcão, agrônoma e produtora de sementes da Sementes Falcão, em Sarandi (RS), destacou a importância do simpósio para os produtores. “O Brasil tem uma grande diversidade climática e de patógenos, o que torna complexa a regulamentação a nível nacional”, explicou. Ela também frisou a necessidade de capacitação e treinamento em patologia de sementes. “É uma discussão ampla e necessária”, finalizou.
E-book traz novas perspectivas sobre a patologia de sementes
Focado em pesquisa sobre a qualidade fisiológica e sanitária das sementes, o e-book Patologia de Sementes à Ciência Básica, lançado durante o simpósio, é fruto de anos de estudos e da colaboração entre renomadas instituições de ensino e pesquisa. “A obra representa um esforço colaborativo de 50 autores, especializados em diferentes aspectos da sanidade de sementes. O último estudo completo sobre o tema havia sido publicado em 1987”, informou Ellen Barrocas, coordenadora do Comitê de Patologia de Sementes, que organizou o simpósio.
Dividido em 13 capítulos, o e-book aborda a detecção de patógenos, métodos de análise, estrutura de laboratórios e particularidades dos testes de sanidade, oferecendo uma visão multidisciplinar sobre o tema. “Esta será uma referência mundial, pois não há nada tão específico”, ressaltou Evelyn Koch, vice-presidente do Comitê de Patologia de Sementes.
O e-book estará disponível gratuitamente no site da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), promotora do CBSementes. Para baixar o e-book, acesse: www.abrates.org.br.