sábado, 07 de setembro de 2024

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Produtor precisa se preparar melhor para os altos e baixos da agricultura, diz Paulo Herrmann
26/07/2024
CEO da PH Advisory Group  e ex-presidente da John Deere no Brasil fez palestras durante lançamento do Plano Safra da Sicredi Dexis, em Maringá
Por: Redação
Paulo Hermann palestra agricultura Sicredi Dexis Conexão Agro
Paulo Herrmann, CEO da PH Advisory Grou: "Nós não botamos preço no nosso produto. Quanto de nós sabemos quanto custa produzir”
Divulgação
Tags: palestra agricultura

A agricultura no Brasil enfrenta desafios significativos, desde a volatilidade dos preços das commodities até as incertezas climáticas, além da falta de infraestrutura de armazenagem e alto custo de produção. No entanto, com uma gestão eficiente dos recursos hídricos, controle de custos rigoroso e estratégias financeiras adequadas, os agricultores podem se preparar melhor para enfrentar os altos e baixos do setor.

O recado é de Paulo Herrmann, CEO da PH Advisory Group e ex-presidente da John Deere no Brasil, em palestra “Cenário e Tendências do Agro”, durante lançamento do Plano Safra realizado pela Sicredi Dexis, na última segunda-feira, na sede da instituição financeira, em Maringá (PR).

Herrmann destacou a importância de compreender a natureza cíclica do setor e de se preparar para as variações inevitáveis do mercado. "Nós estamos nesse segmento, que tem muitas oportunidades, desde que dominemos os princípios fundamentais," afirmou ele, ressaltando que a pandemia de COVID-19 trouxe uma virada inesperada, descrita como uma disrupção generalizada.

“Os custos aumentaram, mas muitos conseguiram ampliar suas margens. Com a soja a R$ 200, o milho a R$ 100 e a arroba do boi a R$ 350, houve um período anômalo de alta nos preços das commodities. Contudo, o setor agrícola não consegue manter esse nível de margem indefinidamente”, afirmou Herrmann.

Diferente de outras indústrias que podem definir o preço de seus produtos, Hermann destacou que os agricultores são tomadores de preço, dependendo das flutuações do mercado. "Nós não botamos preço no nosso produto. Quanto de nós sabemos quanto custa produzir”, enfatizou o CEO, referindo-se à influência dos fundos de investimento. Com mais de US$ 100 bilhões de fundos de investimentos aplicados nas commodities agrícolas, o mercado se tornou ainda mais complexo. “Esses fundos compram barato, seguram os papéis por um tempo e vendem quando o preço sobe, sem interesse no produto, apenas no lucro”, pontuou.

Paulo Herrmann destacou a importância de estratégias de proteção financeira, como travar parte da produção em dólar ou em contratos futuros em Chicago, para garantir margens de lucro mais estáveis. “É preciso buscar formas de proteção contra as flutuações do mercado," reforçou.

Outro ponto destacado durante a palestra foi o controle de custos de produção. "60% do custo de produção está em três itens: fertilizantes, defensivos químicos e sementes. É fundamental controlar esses custos para garantir a viabilidade econômica," explicou Paulo Herrmann. Além disso, continuou ele, a eficiência na aplicação de defensivos pode ser melhorada, já que uma grande parte é desperdiçada devido a erros na velocidade do vento, umidade e temperatura durante a aplicação.

Além das incertezas do mercado, os agricultores enfrentam os desafios climáticos. Eventos climáticos intensos são cada vez mais frequentes, e a falta de água, por exemplo, causou perdas significativas. Entre 2013 e 2022, os agricultores brasileiros deixaram de faturar R$ 250 bilhões devido à seca.

De acordo com Herrmann, a irrigação é vista como uma solução essencial para mitigar os riscos climáticos. O Brasil possui grandes aquíferos, como o Guarani, que podem ser melhor utilizados com uma gestão eficiente e a flexibilização das outorgas. Atualmente, apenas 10% da área plantada é irrigada, o que mostra um potencial enorme de crescimento nessa área. "Nós temos um problema de água mal distribuída que pode ser resolvido administrando melhor os recursos hídricos," afirmou.

A capacidade de armazenagem também é um desafio significativo na opinião do ex-presidente da John Deere no Brasil . Em 2024, a produção agrícola brasileira deve alcançar 300 milhões de toneladas, enquanto a capacidade de armazenamento é de apenas 200 milhões. “A falta de infraestrutura adequada leva a soluções temporárias, como o uso de silos-bolsa, mas há a necessidade de investimentos em armazenagem vertical para acompanhar o crescimento da produção”.

Por fim, Herrmann lembrou que em momentos de crise ou incerteza, pode ser tentador cortar custos e evitar investimentos, especialmente em áreas como uso de adubo e em tecnologia. “É momento de investir em tecnologia e inovação para melhorar a eficiência. A tecnologia pode permitir uma melhor gestão dos recursos e otimização da produção”, acrescenta.

 

 

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