quarta-feira, 21 de maio de 2025

Sustentabilidade
Sistema Plantio Direto com cobertura verde melhora o solo e a produtividade agropecuária
16/05/2025
Principal estratégia é usar um mix de plantas vivas, otimizando a reciclagem de nutrientes, melhorando sua estrutura e fertilidade
Por: Redação
mix de plantas plantio direto conexao agro
Mix de plantas pode reduzir a necessidade de insumos químicos
Divulgação
Tags: mix de plantas reduz uso de insumos

O período de entressafra é o momento ideal para investir no Sistema Plantio Direto (SPD), visando à melhoria da saúde do solo, ao aumento da sua fertilidade e à elevação da rentabilidade da atividade agropecuária. Essa rentabilidade é alcançada por meio da estabilidade da produtividade, aliada a um custo de produção racional.

“O principal investimento nesse sistema consiste na adoção de um mix de plantas de cobertura, que mantenham o solo permanentemente coberto — preferencialmente com plantas vivas. Ou seja, trata-se do SPD com cobertura verde, uma vez que são as plantas vivas que otimizam a reciclagem de nutrientes, alimentam a atividade biológica do solo, melhoram sua estrutura e aumentam sua fertilidade. Esse é considerado o mais alto patamar tecnológico do SPD”, afirma Ricardo Ralisch, especialista em preservação do perfil do solo e membro da Federação Brasileira de Agricultores do Sistema de Plantio Direto (FEBRAPD).

Há diversas opções de combinações de espécies para formar um mix de plantas de cobertura adequado, que deve ser definido de acordo com as características específicas de cada área e atividade, por meio de um bom diagnóstico do solo. Atualmente, utilizam-se entre sete e dez espécies associadas.

Segundo o pesquisador Ademir Calegari, referência em plantas de cobertura e consultor da Belagrícola, cada espécie tem habilidades únicas — como fixação de nitrogênio, recuperação do solo, controle de plantas daninhas e contenção da erosão —, além de promover a biodiversidade. “A combinação de diversas espécies não apenas melhora a estrutura do solo, como também reduz a necessidade de insumos químicos, como herbicidas e defensivos, contribuindo para a agricultura regenerativa”, explica Calegari.

As plantas de cobertura reciclam e trazem para a superfície nutrientes que podem ser aproveitados pelas culturas comerciais. A parte aérea dessas plantas protege o solo, reduzindo o potencial erosivo das chuvas e, ao se decompor, fornece nutrientes às plantas e à atividade biológica da superfície. Suas raízes aumentam a porosidade e enriquecem biologicamente o solo em profundidade. A diversidade dessas espécies promove uma ampla biodiversidade, o que resulta em um solo mais saudável e fértil.

“Para quem adota essa importante prática de manejo nos intervalos entre culturas como soja-trigo, soja-milho ou feijão-soja-milho, melhora os atributos do solo, como a fertilidade química, física e biológica. Além disso, favorece a ciclagem de nutrientes, que eventualmente poderiam se perder no perfil do solo. Enfim, o mix aumenta a biodiversidade e, consequentemente, melhora a saúde do solo e das plantas”, comenta Alexandre Yamamoto, engenheiro-agrônomo da Belagrícola.

Yamamoto complementa que, com um solo mais saudável, as culturas de interesse econômico tendem a apresentar maior sanidade, mais vigor e maior resiliência frente a períodos de estiagens prolongadas, variações térmicas acentuadas e outras condições adversas. “É uma prática que realmente gera ganhos significativos para o produtor, para o solo e para a sociedade como um todo, pois melhora a eficiência produtiva, agronômica e econômica. No nosso programa Rota da Produtividade, com uma estratégia técnica de Construindo Perfil do Solo (CPS), orientamos os produtores a adotarem essa prática de manejo.”

Janelas de cultivo no Paraná favorecem a rotação e a cobertura do solo
Até o momento, 2025 segue o padrão de um ano agrícola típico no Paraná: inicia-se com o cultivo da soja, seguido pelo milho safrinha em grande parte das áreas e pelo trigo em regiões específicas, como os Campos Gerais e áreas mais elevadas próximas a Londrina, Mauá da Serra e Marilândia.
Entre a colheita da soja (final de fevereiro a início de março) e o plantio do trigo (abril a maio), há uma janela útil para o cultivo de plantas de cobertura de ciclo rápido — estratégia que contribui para a proteção e recuperação do solo.

Nas regiões mais baixas (abaixo de 700 metros de altitude), predominam o milho safrinha e os consórcios com braquiária ou outras plantas de cobertura. Nesses casos, há outra janela entre a colheita do milho (julho) e o plantio da soja (outubro), permitindo o cultivo de coberturas vegetais de ciclo curto.
Nos Campos Gerais, onde o clima é mais frio, o inverno é tradicionalmente reservado ao cultivo de trigo, aveia, cevada e até feijão de seca, que sucedem as culturas de verão. Jean Carlo Pereira, gestor comercial da filial da Belagrícola em Imbituva (PR), explica que os produtores nem sempre cultivam 100% das áreas com culturas de inverno, deixando parte delas em pousio. “Um dos principais problemas disso é o aumento do desenvolvimento de plantas daninhas e pragas.”

Nessa região, o plantio do milho ocorre entre agosto e setembro; o do feijão das águas, em setembro; e o da soja, geralmente até o início de dezembro. Assim, as plantas de cobertura podem ser implantadas após a colheita dessas culturas, preparando o solo para um ambiente mais favorável às culturas de verão.

Para os que cultivam milho verão, a colheita ocorre mais cedo, o que abre espaço para culturas de inverno como trigo, cevada ou feijão, além da cobertura verde. Essa prática tem ganhado força como estratégia de investimento no solo, visando à próxima safra e à melhoria da rentabilidade da produção agrícola.

Elizalvaro Prestes de Oliveira, head comercial da unidade Sul da Belagrícola, comenta que, nas regiões onde não há cultivo de trigo ou cevada, também se adota um mix de cobertura — com aveia, nabo, ervilhaca, centeio, entre outras, conforme as necessidades da área. “Na região, não há consórcio de trigo com outra cultura, apenas o trigo.”

Em março, o Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná publicou que a área de trigo no Estado poderia ter uma redução de até 20%, devido às condições climáticas adversas nas últimas safras. No entanto, Oliveira observa que os produtores que investiram em tecnologias de cuidado com o solo, têm alcançado boas produtividades mesmo nessas condições — o que pode contribuir para o aumento da produção.

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