A TMG -Tropical Melhoramento & Genética -, empresa brasileira de soluções genéticas para algodão e soja há mais de duas décadas, deu início à diversificação de suas operações para garantir uma terceira cultura e expandir sua participação no mercado. A partir de 2025, a empresa lançará dois híbridos de milho, desenvolvidos especialmente para a safrinha no Cerrado. “O milho, embora não traga receita direta no momento, é estratégico para o crescimento econômico e sustentável da empresa nos próximos anos”, afirma o presidente da TMG, Francisco Soares, que recebeu um grupo de jornalistas na sede da empresa, em Cambé (PR).
O investimento no milho se justifica, segundo Soares, por ser uma cultura com maior potencial de faturamento, além de agregar valor por meio das tecnologias envolvidas no processo de desenvolvimento. “Nossa expectativa é que esse esforço traga resultados expressivos com a empresa vendendo mais de 1 milhão de sacas de sementes de milho até 2031”, aposta o presidente. Neste período (2031) a TMG completará uma década do programa de investimentos iniciado em 2021. Até lá, a empresa terá investido R$ 2 bilhões nas três culturas, movimentando um faturamento de R$ 5 bilhões.
A nova cultivar de milho utilizou tecnologias de ponta como inteligência artificial (IA) e big data para otimização do processo de melhoramento genético. O gerente de Pesquisa da TMG, Anderson Meda, explica que, inicialmente, o programa foi construído com base em híbridos convencionais, sem transgênicos. “No entanto, ao identificar a competitividade do programa, a empresa deu um passo adiante ao combinar linhagens convencionais com uma linhagem transgênica já desenvolvida, criando um híbrido transgênico que oferece maior resistência e produtividade”, contextualiza.
Entre os benefícios com o uso da Inteligência Artificial (IA), Anderson Meda destaca otimização do tempo e dos recursos. “Com a análise do DNA das plantas, é possível prever seu comportamento, reduzindo a necessidade de testes em múltiplos locais. Isso permite concentrar os ensaios em menos áreas, aumentando a quantidade de linhagens avaliadas e otimizando a rede de testes”, detalha, considerando que o custo de melhoramento no campo, por exemplo, pode ser cinco vezes mais caro do que fazer uma análise genética. “O desafio reside em alinhar as necessidades do agricultor com a resposta das plantas ao ambiente, incluindo resistência a doenças e estabilidade da cultivar, garantindo resultados robustos ano após ano”, complementa.
Referência no algodão
Os investimentos para esta temporada agrícola abrangem também o algodão e a soja. No algodão a empresa é referência, com destaque para sua genética avançada e foco em biotecnologia. Em parceria com a Embrapa, a empresa está buscando o desenvolvimento de soluções biotecnológicas para combater a praga do bicudo.
“Enquanto em países mais frios, como os Estados Unidos, o bicudo já foi erradicado, no Brasil ele ainda representa um grande desafio”, afirma Francisco Soares. Segundo ele, o algodão, por ser uma cultura menos expressiva em termos de área plantada — com cerca de 2 milhões de hectares — não atrai tanto investimento de multinacionais quanto a soja, que ocupa entre 40 e 50 milhões de hectares.
O presidente da TMG explica que sem a biotecnologia, a genética sozinha não seria suficiente para tornar o algodão resistente a pragas como a lagarta e a herbicidas. “Essas inovações facilitam o manejo e tornam a produção mais eficiente, com um impacto de até 50% na redução com custos com defensivos e inseticidas”, ressalta.
Outro foco da TMG está na resistência a nematoides, praga que afeta tanto o algodão quanto a soja. A empresa desenvolveu soluções genéticas exclusivas para controlar nematoides em regiões do Mato Grosso. “Além disso, foi pioneira na introdução de resistência à ferrugem na soja, uma tecnologia que ainda não foi replicada por outras empresas”, observa Francisco Soares.
Investimentos x faturamento
Com uma previsão de faturamento de R$ 450 milhões em 2024, representando um crescimento de 10% em relação ao ano anterior, a TMG busca fortalecer sua posição no mercado por meio de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. Para garantir um fluxo constante de inovações a empresa trabalha com fornecedores internacionais de biotecnologia, como a Bayer e a Corteva.
A empresa está investindo R$ 210 milhões este ano, o que corresponde a 60% de suas despesas totais. Esse investimento está sendo direcionado para projetos avançados de inteligência artificial, automação de laboratórios com o uso de robôs, construção de casas de cultivo e desenvolvimento de novas técnicas de irrigação. As inovações são desenvolvidas em suas 14 bases de pesquisa, localizadas em seis estados brasileiros, nas principais regiões produtoras.
Inovação marca momento decisivo na evolução
do portfólio da TMG
Para esta temporada agrícola, o gerente de Marketing da TMG, Ricardo Franconere, conta que a empresa promove uma transformação em seu portfólio, com o lançamento de suas primeiras cultivares de milho com genética própria. O foco inicial é o Cerrado, especialmente o estado de Mato Grosso, onde há grande demanda por variedades adaptadas às condições climáticas da região. “Esperamos que essas novas cultivares conquistem uma fatia significativa do mercado, apesar do programa ainda estar em fase inicial”, afirma Ricardo Franconere, gerente de Marketing da TMG.
Além do milho, a TMG lançará 14 novos produtos de soja, adaptados tanto para as regiões do Sul quanto para o Cerrado, com variedades que incorporam tecnologias de ponta como Intacta 2, Xtend e Conkesta E3. “Nosso maior desafio é tornar esses produtos conhecidos pelos agricultores. São variedades com maior potencial produtivo, que agregam valor tanto para a TMG quanto para os multiplicadores e produtores”, observa Franconere.
No algodão, cultura que a empresa detém 43% do mercado, serão lançadas três novas cultivares que incorporam a tecnologia B3-XF, baseadas na plataforma Xtend. “Essa inovação é essencial para o controle de plantas daninhas, um dos principais desafios no manejo do algodão, e consideramos que terá grande apelo no mercado”, explica.
A TMG opera comercialmente em todo o Brasil por meio de 98 licenciados e tem sete representantes nos países da América Latina, incluindo Paraguai, Uruguai, Bolívia, Argentina e, mais recentemente a Colômbia.
Identidade - De acordo com Franconere, a TMG busca fortalecer sua identidade como uma empresa agrícola e conectada às realidades regionais do Brasil. Um exemplo disso é a mudança na nomenclatura das cultivares, que passaram a adotar nomes de árvores brasileiras, recentemente, alinhando-se à campanha "Raízes Brasileiras", que reforçam o vínculo da TMG com o campo e a agricultura nacional. “Queremos que nossos clientes vejam na TMG uma parceria sólida para a agricultura brasileira”, avalia Ricardo Franconere.
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Embora seja um grande produtor de plantas ornamentais, o Brasil tem carência em pesquisa e melhoramento genético. Todas sementes de plantas ornamentais são importandas. Reportagem especial você acompanha no podcast “Conexão Agro”.