quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agronegócio

Nova doença ​do milho ​exige cautela e pesquisas, alertam especialistas

A ocorrência da estria bacteriana em lavouras de milho no Paraná exige cautela e muita pesquisa neste momento de incertezas . A conclusão é dos mais de 100 técnicos, pesquisadores e produtores que participaram de reunião na tarde de quinta-feira (12), em Londrina, para discutir a doença que pode trazer perdas em pelo menos 50% da produção.

O encontro foi promovido pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que preparou o boletim técnico “Estria Bacteriana do Milho no Paraná”, publicação que apresenta as características da doença, do patógeno, seu modo de disseminação, potencial de danos econômicos e discute potenciais medidas de prevenção e controle.

Até agora desconhecida no Brasil, a doença, causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasculorum, foi detectada em lavouras na região Oeste (municípios de Cafelândia, Corbélia, Nova Aurora, Palotina, Santa Tereza do Oeste, Toledo e Ubiratã), Centro-Oeste (Campo Mourão e Floresta) e Norte do Paraná (Londrina, Rolândia, Sertanópolis e Mandaguari).

De acordo com o fitopatologista Adriano de Paiva Custódio, do Iapar, a estria bacteriana tem potencial para reduzir à metade a capacidade produtiva de cultivares altamente suscetíveis.

Cezar Augusto Pian, representante do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), que participou do encontro, esclareceu que a entidade reconheceu a ocorrência do patógeno e está monitorando a situação das lavouras para delimitar sua distribuição e, eventualmente, subsidiar ações no campo legislativo.

“É sem dúvida um problema grave, mas que deve ser tratado com critérios técnicos e sem comoção”, afirmou o diretor de pesquisas do Iapar, Tiago Pellini.

CONTROLE – Doença de difícil controle por meio de agroquímicos, a resistência genética é apontada como a melhor estratégia para, no curto prazo, enfrentar o novo problema. A identificação das cultivares mais suscetíveis atualmente no mercado é a medida mais urgente a se tomar, segundo os participantes da reunião.

Os representantes de cooperativas presentes informaram que já estão fazendo essa triagem, com base nas informações já disponíveis em seus centros de experimentação.

O Iapar já desenvolve um trabalho de avaliação de cultivares nas duas safras de milho. “Estamos trabalhando também na perspectiva de incluir no projeto o estudo da estria bacteriana”, acrescentou Custódio.

A pesquisa também será chamada para esclarecer os mecanismos envolvidos na disseminação da bactéria por meio das sementes, um ponto crucial e ainda não esclarecido, segundo os presentes na reunião.

Também foi sugerida uma avaliação em âmbito nacional, por meio de parceria que deve ser estruturada com a Embrapa e as empresas obtentoras de cultivares.

Já se sabe que a bactéria pode sobreviver de uma safra para outra na palhada, em restos de culturas e em outras plantas hospedeiras que podem funcionar como inóculo da doença – espécies invasoras ou cultivadas, como arroz, aveia e forrageiras. “São temas para a pesquisa, sobretudo em nossa região, onde a produção é intensiva e diversificada, com duas e até três safras por ano”, acrescenta Custódio.

Outro ponto que deve merecer estudos é a relação da doença com o clima. “Ao contrário da Argentina e Estados Unidos, onde a doença também está presente, no Brasil há condições de umidade e temperatura favoráveis à bactéria ao longo de todo o ano, e precisamos entender melhor o comportamento da bactéria em função das chuvas”, explicou o pesquisador Rui Pereira Leite, do Iapar.

Com tantas questões ainda em aberto, a recomendação para a próxima safra é que os produtores usem sementes idôneas e mantenham permanente contato com a assistência técnica.

Interessados devem fazer o pedido pelo e-mail [email protected]. A publicação é gratuita. Também há uma versão em PDF, que pode ser baixada no endereço www.iapar.br.

Banner Conexão Agro Anúncio 728x90

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Podcast

Coluna Podcast

Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
11/09/2024

Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

Cotações

Resumo Técnico fornecido por Investing.com Brasil.

News Letter

Calendário

Calendário