O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária perde ritmo em 2019, ficando em 1,3% – a menor evolução dos últimos três anos. A taxa reflete o fraco desempenho do PIB brasileiro, que cresceu 1,1%. A divulgação dos números pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é mais uma notícias, nos últimos dias, que desperta frustração. Soma-se a isso, o dólar flertando com os R$ 5,00 e a ameaça global do Coronavírus.
Nessa sucessão de anos em que a economia brasileira não consegue ganhar tração, a agropecuária sustentou o PIB de 2017 ao subir 14,2%.
Comparados com os resultados do ano passado, alguns analistas acreditam que a nova taxa só não foi pior porque a pecuária engrenou uma boa fase.
A expectativa é de uma colheita brasileira de grãos recorde batendo 124 milhões de toneladas de soja, segundo levantamentos da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab). Os mais otimistas esperam superar 127 milhões de toneladas. O Brasil pode se tornar o maior exportador da oleaginosa, superando os Estados Unidos.
Teríamos a chance de recuperação do PIB agrícola de 2019, que não foi bom. No ano passado, a produção de soja recuou 4%, de acordo com o IBGE.
O gerente de comercialização da Cooperativa Integrada, Alcir Antonio Chiari – em entrevista para a coluna Conexão Agro, na Rádio UEL FM – destacou que a safra gingante de grãos pode ter uma quebra provocada pela seca no Rio Grande do Sul.
Além da clima, que é um componente que impacta na produtividade e rentabilidade da produção, o produtor rural e toda a cadeia produtiva acompanham com atenção as variações do dólar e a ameaça do Covid-19.
“O dólar é um dos componentes principais na formação dos preços. Quando falamos da formação do preço do grão, temos a Bolsa de Chicago, o prêmio e a moeda americana. Da mesma forma em que o dólar está ajudando a puxar o preço da soja, favorecendo neste momento da colheita no Brasil, com preços melhores, também influencia na compra de insumos. É por isso que o produtor, conforme vai colhendo, aproveitando essas oportunidades, precisa comprar insumos para a próxima safra. Recomendamos que o produtor faça as permutas que a cooperativa, normalmente, oferece. Ele pode transformar a aquisição de insumos em grãos e aí consegue equilibrar essa alteração do dólar, travando com grãos”, orienta Chiari.
O ano começou com sobressaltos para a economia brasileira que, além dos problemas internos, entrou na rota do Coronavírus. A epidemia tem potencial para derrubar pela metade o crescimento mundial, como prevê a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O Covid-19 pode afetar a cadeia da soja na China, o nosso maior comprador do grão. As pessoas não estão saindo de casa, o que provoca queda no consumo o que, consequentemente, reduzirá as importações chinesas.
“A movimentação de mercadorias, tanto de grãos como de outros produtos, obviamente que segura a economia mundial. Para o Brasil ser o maior exportador mundial de soja, precisa ser o maior produtor. Isso o país está conseguirá, desde que o importador esteja de portas abertas. Nós estamos agora com esse impasse do Coronavírus e não sabemos até onde isso vai. É um pouco precoce analisar, mas, olhando para oportunidade, o Brasil pode se tornar o maior exportador. Apesar disso, o Coronavírus é uma interrogação para todo mundo. O que a gente vê é que a economia mundial está parando para se proteger”, conclui Chiari.
