quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Agronegócio

Produção industrial de alimentos cresce 8,9% no ano no Paraná

frango Brasil

O Paraná registrou o maior crescimento da produção industrial de alimentos do País no ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e outubro de 2019 a evolução foi de 8,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. É o maior índice da série histórica do órgão de pesquisa nos primeiros dez meses do ano (2002-2019).

A evolução contrasta com a produção nacional de alimentos industrializados no período, que cresceu 1,6% e em apenas seis dos quinze locais pesquisados pelo IBGE (além do Paraná, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Goiás), e também pode ser medida na comparação de outubro com setembro, com crescimento de 19,5% – segundo melhor índice do país e à frente da produção nacional. O resultado ainda é positivo no acumulado dos últimos doze meses, com aumento de 5,4% na atividade.

De acordo com o IBGE, produção industrial de alimentos envolve abate de carnes, fabricação de óleos, laticínios, moagem, beneficiamento de produtos, refino, torrefação de café e preservação de pescados, além de outros

“Somos líderes nacionais na produção de frango e peixes, e estamos entre os principais nas cadeias de suínos, soja, leite e frutas e legumes. Esse índice foi construído a muitas mãos, e temos potencial para alcançar números maiores nos próximos anos”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior.

Para Norberto Ortigara, secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o número alcançado pelo setor industrial de alimentos reflete uma cadeia organizada, com produtos padronizados para o mercado internacional e um movimento de aumento das exportações.

“A última safra não foi das maiores, mas isso não significa que a indústria não tenha trabalhado com eficácia. Vamos fechar o ano com crescimento na cadeia de proteínas animais, estimulado pela abertura de mais mercados na Ásia. Essa cadeia exige processamento, qualidade, e emprega muitas pessoas”, afirmou Ortigara. “Também diversificamos a produção para malte, seda, derivados de milho, cereais. Mostra a consistência do Paraná”.

Na evolução da série histórica entre janeiro e outubro, o índice mais próximo de 8,9% foi alcançado em 2010 (em relação ao mesmo período de 2009), com crescimento de 8,7%, e 2006 (em relação a 2005), com 6,2%. Desde 2002, sete resultados acumulados foram negativos, inclusive a produção industrial de alimentos do ano passado (em relação a 2017), um tombo de -11,5%.

Francisco Castro, pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), aponta como motivos do crescimento neste ano o aumento da preocupação com a qualidade da produção local e o profissionalismo das cooperativas.

“As cooperativas tiveram papel fundamental de descentralização da produção para o Interior ao longa das últimas décadas, e elas estão entre as maiores exportadoras do Estado e as maiores da América Latina. Temos grandes cooperativas em Cascavel, Medianeira, Maringá, Campo Mourão, Marechal Cândido Rondon”, afirmou Castro. “Além das exportações brutas das commodities, elas desenvolveram processos de agregação de valor muito importantes para a economia paranaense”.

Segundo o IBGE, o resultado expressivo alcançado neste ano contrasta, inclusive, com as séries históricas acumuladas até novembro e dezembro, que são bases mais consolidadas em função do número de meses. A produção industrial de alimentos só alcançou patamar similar a 8,9% entre janeiro e novembro de 2010 (em relação a 2009), de 9,1%. Todos os outros resultados acumulados registraram índices inferiores entre 2002 e 2018.

“Estruturalmente o setor industrial tem um peso muito significativo no nosso Produto Interno Bruto. É um setor que cresceu muito e que impulsiona o comércio, e que, no agronegócio, cresce incorporando tecnologia de ponta. Se o balanço conjuntural brasileiro apontar crescimento, há potencial ainda maior nesse segmento”, complementou o pesquisador.

Futuro – Para aumentar esse ritmo, as 216 cooperativas paranaenses vinculadas ao Sistema Ocepar anunciaram investimentos de R$ 3,8 bilhões em 2020 – R$ 3,4 bilhões apenas no Paraná. O planejamento se concentra em infraestrutura (armazenagem, logística e produção de energia) – cerca de R$ 1,1 bilhão, e na industrialização da produção agrícola e da pecuária (suinocultura, avicultura e a indústria láctea projetam, juntas, investimentos de R$ 1,08 bilhão).

Robson Mafioletti, engenheiro agrônomo e superintendente da Ocepar, afirma que, apesar de a economia brasileira ainda não ter dado sinais claros de melhora, o setor espera crescimento nos próximos anos em função da alta do dólar. As cooperativas recebem 60% de tudo o que é produzido nos campos paranaenses.

“Temos inúmeras cooperativas que recebem a produção primária e a processam. Essas janelas internacionais, com possibilidade de aumentar a exportação, puxaram o preço para cima, o que favorece os exportadores. Nesse contexto, os investimentos projetados pelas cooperativas praticamente duplicaram”, acrescentou.

Sanidade– O Paraná também espera atingir novo patamar sanitário no mercado internacional nos próximos meses com duas conquistas de 2019. Instruções normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reconheceram o Paraná como área livre da peste suína clássica (PSC) e encerraram a vacinação contra a febre aftosa dos bovinos e bubalinos, etapa para conquista do selo de Estado Livre da Aftosa Sem Vacinação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

O primeiro documento desloca o Estado de um grupo que era formado por 14 unidades federativas e, o integra ao bloco de Santa Catarina e Rio Grande de Sul, estados completamente livres da peste suína clássica. O Paraná tem o segundo maior rebanho suíno, com produção de 840 mil toneladas em 2018 (21,3% da produção nacional), e é o terceiro em comércio exterior de suínos, com 107 mil toneladas exportadas em 2018 – equivalente a 16,8% do total brasileiro.

Já a suspensão da vacinação contra a febre aftosa passou a valer no dia 31 de outubro, o que deu início à campanha de cadastramento obrigatório de um rebanho de 9,2 milhões de cabeças, com vigilância sanitária redobrada. A decisão de suspender a vacinação se deve à qualidade do serviço de sanidade do Estado, atestada por meio de duas auditorias do Ministério da Agricultura no ano passado.

Essas medidas se somam ao surto de peste suína africana que dizimou aproximadamente 40% dos suínos chineses, levando à escassez do produto, que têm como resultado aumento das exportações no Paraná. Para garantir o abastecimento da carne de porco, a China abriu as portas para a importação e está credenciando fazendas de diversos países, entre eles o Brasil.

“Também vamos alcançar Coreia do Sul, Japão e México nos próximos meses. Esse movimento vai gerar novos empregos e aumentar a produção industrial nesse segmento. É um novo momento do mercado paranaense”, arrematou o superintendente da Ocepar

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