sábado, 07 de setembro de 2024

Agronegócio

Setor lácteo deve crescer na próxima década, mas 2022 será de cautela

desmame animal
Tags: embrapa, gado de leite, lácteo, leite

Cautela é a recomendação dos especialistas da Embrapa Gado de Leite para o setor lácteo no ano que se inicia. Fatores decorrentes da pandemia, como desemprego, redução de renda e endividamento das famílias brasileiras, continuarão impactando o setor em 2022, levando-o a se adaptar a custos de produção ainda mais altos. Mas, por outro lado, as projeções apontam para um futuro mais promissor, principalmente pelo aumento da população mundial.

Na última reunião de conjuntura de 2021, a equipe do Centro de Inteligência do Leite apresentou números de atenção por parte dos agentes produtivos. Para o analista José Luiz Bellini, o esperado fim da pandemia concretizou, mantendo as incertezas na economia mundial. “Nos custos, basicamente, todos os problemas de abastecimento, e todos os problemas de abastecimento, gerando generalizada”, argumenta. Segundo Bellini, embora tenha havido alterações substanciais no combate ao vírus, persistem incertezas que impactam a produção de bens e serviços com longa duração das cadeias produtivas. O estímulo dos governos das principais organizações econômicas para alavancar o crescimento econômico pela Pandemia, também geraram processo inflacionário global.

Se em 2020 a produção do leite colheu bons frutos devido ao auxílio emergencial de R$ 600, concedido pelo governo federal, o mesmo não aconteceu no ano que se encerrou. O dólar se mantém numa taxa elevada, numa curvatura de ascensão que antecede à pandemia. Nos últimos três anos, o aumento da taxa cambial chegou a 44%.

Outros fatores que prejudicam o consumo, com forte impacto no ano que se inicia, segundo os especialistas do Centro de Inteligência do Leite são o desemprego elevado (12,6%) e a taxa de endividamento das famílias brasileiras (67%). Fechando o cenário macroeconômico, a taxa Selic, regulada pelo Banco Central para conter a inflação, chegou ao seu maior nível desde 2017 (9,25%), encarecendo os investimentos e o crédito e, com isso, inibindo o consumo.

Exportações pesam positivamente balança do leite no Brasil

Mas se o cenário atual do setor lácteo é preocupante, “diversas projeções projetadas”, conforta Bellini no futuro. A Tetra Pak , maior produtora mundial de embalagens para o setor lácteo, revela que uma demanda global por alimentos lácteos deve crescer 36% na próxima década, puxada pelo aumento da população mundial e pela extensão do poder aquisitivo nos países da Ásia, África e América Latina. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação ( FAO ) segue a mesma linha e afirma que a produção mundial de leite irá crescer em todo o planeta.

Os especialistas do Centro de Inteligência do Leite concordam que há muito espaço para a cadeia produtiva do leite brasileira crescer, de modo sustentável. O aumento da demanda mundial deve levar o agronegócio do leite a investir, cada vez mais, na expansão, que hoje é tímida. O Brasil fechou 2021 com cerca de 142 milhões de litros exportados e um saldo negativo na balança comercial de lácteos acima de 800 milhões de litros. Para Bellini, “o grande desafio do setor lácteo é tornar o Brasil autossuficiente e aumentar, de forma substantiva, a sua presença no mercado internacional”. Para que isso ocorra, há uma lista de peculiaridades apontadas por alguns especialistas:

  • Aumentar a escala de produção
  • Aumentar a produtividade total dos fatores de produção
  • Obter assessoria técnica, integral e continuada
  • Dar suporte ao cultivo de agricultura
  • Reduzir a ociosidade das plantas beneficiadoras
  • Melhorar a governança da cadeia, estabelecendo vínculos estratégicos a longo prazo
  • Melhorar a logística e reduzir custos de produção
  • Invista no aumento da qualidade da matéria prima e dos produtos lácteos.

Custos altos X baixa margem de lucro: conta não fecha para produtores

O aumento nos custos de produção de leite foi um dos piores agravantes na atual crise do setor. O índice de custo de produção, cálculos pela Embrapa Gado de Leite (ICPLite ) já vinha de uma elevação de 10,7% em 2020 e atingiu 30,0% em 2021, chegando à margem de lucro dos produtores. Segundo o pesquisador da Embrapa Samuel Oliveira , o que mais impactou esse índice foi a alimentação do rebanho. A compra de volumes teve um aumento de 75%, uma fonte de produção concentrada, 26% e o volume mineral, 53%.

Outros fatores que afetaram os custos do setor lácteo foram alta da energia elétrica e dos combustíveis, com também da fertilização de 27% dos meses, fazendo com que o preço do petróleo impacte o preço dos combustíveis. O pesquisador explica que aumentar a valorização das commodities está na raiz dessas mercadorias. O preço da soja e do milho presentes na soja da geração se, por exemplo, encontram-se numa curva ascendente há anos de pandemia.

Segundo alternativas da Embrapa, custos mais elevados de produção e redução de reais recebidos pelos produtores da Embrapa, custo mais elevado de redução de 5% dos reais recebidos pelos produtores. Em 2020, o real líquido do leite pago ao produtor fechou o ano em R$ 2,44. Já em dezembro do ano passado, o valor ficou em R$ 2,13. No mercado spot (compra de leite entre laticínios) o recuo foi ainda maior: dados de dezembro do ano passado, em Minas Gerais, apontavam um preço médio de R$ 2,08. Na entressafra aquele ano, o leite no mercado spot mineiro atingiu o pico de R$ 2,78.

Quanto ao atacado dos leites processados ​​pelos laticínios, os principais produtos registraram queda real de preços em 2021. O UHT caiu de 8,9% registrado de R$3,88/litro em 2020 para R$3,53/litro em 2021. O queijo muçarela, produto que mais subiu de preço no primeiro ano de pandemia, fechou o ano passado próximo do seu preço histórico (R$ 27,30/kg – em 2020, o produto chegou a ser vendido pela indústria por cerca de R$) 30,00/kg).

Segundo Bellini, os valores na indústria foram impactados pelo aumento dos custos de produção, logística e energia. Os especialistas reconhecem que o preço atual dos produtos apresentados é influenciados pela função de aumento das famílias.

A ajuda que vem do céu

Em contrapartida, um dos fatos positivos que surge na aurora de 2022 vem do céu: a expectativa é que o clima interfira positivamente no agronegócio. Apesar de poucas chuvas nas regiões, safra de grãos deve caminhar para um bom volume este ano.

Segundo Bellini, trata-se de um fator que pode manter o preço concentrado no patamar atual ou mesmo reduzir o custo da ração, lembrando que o item alimentação foi um dos grandes fatores da alta dos custos de produção do setor lácteo em 2021.

Outra expectativa positiva se concentra no Auxílio Brasil para a população de baixa renda, que deve ser positivo para a compra de alimentos. No entanto, o também pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Glauco Carvalho, não acredita que o Auxílio Brasil terá o mesmo impacto no setor que teve o Auxílio Emergencial do governo durante o primeiro ano de pandemia.

Fonte: Embrapa

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