O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater (IDR-Paraná) lançou cinco novas cultivares na manhã desta quarta-feira (9), em solenidade realizada no Show Rural, em Cascavel (Oeste do Estado).
São três cultivares de soja para cultivo orgânico, direcionadas a produtores interessados no mercado de alimentação saudável; uma nova opção de maracujá-amarelo e outra de mandioca para a indústria.
O diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza enfatizou a importância da pesquisa pública para o atendimento dos pequenos produtores.
Sobre a mandioca IPR Paraguainha, de origem crioula, Souza fez questão de ressaltar que não se trata de apropriação, mas de somar esforços em favor da cadeia produtiva. “Ganhando rapidamente a preferência no campo, a cultivar não era listada no Registro Nacional de Cultivares do Ministério de Agricultura e, por isso, não podia figurar em projetos de custeio e de seguro agrícola”, explicou.
“Atendendo demanda de agricultores, cooperativas e da assistência técnica, o IDR-Paraná providenciou no Mapa o registro da Paraguainha, e agora se encarrega da manutenção de sua genética e do fornecimento de material propagativo de qualidade”, ressaltou Souza.
Não é possível conhecer a origem de uma cultivar crioula. São materiais obtidos por meio de seleções empíricas e aleatórias realizadas ao longo de anos pelos próprios agricultores, sem participação de centros de pesquisa ou programas estruturados de melhoramento genético.
Vania Moda Cirino, diretora de pesquisas do IDR-Paraná, enalteceu o trabalho dos melhoristas da instituição “São 220 novas cultivares lançadas em 50 anos de atividade”. Ela também destacou a alta qualidade agronômica das cinco novas tecnologias agora entregues.
“É esse tipo de coisa que precisamos — pesquisa e assistência técnica”, apontou Marcos Junior Brambilla, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep).
Também presente na cerimônia, o coordenador geral do Show Rural, Rogério Rizardi, elogiou os lançamentos e agradeceu a parceria — desde a primeira edição, há 34 anos — do IDR-Paraná na realização da feira tecnológica.
IPR Paraguainha
Própria para a obtenção de farinha e de fécula, IPR Paraguainha se destaca pelo bom rendimento de amido no processamento industrial, de acordo com o melhorista Wilmar Ferreira Lima, especialista em melhoramento genético do IDR-Paraná.
Ele acrescenta que, no campo, a cultivar é cerca de 30% mais produtiva que as cultivares atualmente disponíveis no mercado.
Indicada para plantio direto ou convencional, a nova cultivar apresenta resistência moderada às principais doenças que afetam plantios de mandioca. O porte médio das plantas facilita os tratos culturais na lavoura, e a altura de inserção das ramificações — apropriada para o cultivo mecanizado — são outras características positivas do material.
Pode ser cultivada tanto em solos de alta fertilidade, argilosos, como em terrenos de maior teor de areia. É indicada para plantio em todas as regiões produtoras do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Soja
As cultivares IPR Basalto, IPR Petrovita e IPR Pé-Vermelho produzem grãos de sabor delicado e que dispensam tratamento térmico preliminar para uso em preparações culinárias.
“Eliminamos as enzimas que dão gosto desagradável e dificultam o consumo da soja na alimentação humana”, explica Lima, que trabalhou no desenvolvimento também desses materiais.
Resultado de trabalho colaborativo com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Federal de Viçosa e Gebana Brasil, as novas cultivares se têm elevado potencial produtivo — pode passar de 5 toneladas por hectare — e bom desempenho frente às principais doenças que atingem lavouras de soja.
O ciclo precoce é outro diferencial. As cultivares chegam à colheita entre 115 e 125 dias após o plantio. “São bastante apropriadas para produtores que adotam o cultivo do milho safrinha e outras culturas no inverno”, esclarece Lima.
Com ampla adaptação, são indicadas para cultivo em São Paulo (Região Sul), Paraná (com exceção da Região Noroeste), Santa Catarina (Oeste, Centro-Norte e Nordeste) e Rio Grande do Sul (Noroeste, Norte e Nordeste).
IPR Luz da Manhã
Primeira cultivar paranaense da espécie, IPR Luz da Manhã foi idealizada com o objetivo de aumentar a competitividade, fortalecer a indústria regional de processamento e, ainda, contribuir para o aumento da renda e da qualidade de vida no meio rural paranaense, explicou a pesquisadora Neusa Maria Colauto Stenzel, que trabalhou no desenvolvimento da cultivar.
A cultivar se destaca pela qualidade superior e dupla possibilidade de destinação do produto colhido. A produção pode ser tanto destinada ao mercado de frutas frescas como para a indústria de polpa congelada.
Resultado de estudos realizados a partir de oito linhagens, IPR Luz da Manhã pode render até 30 toneladas por hectare, às quais é possível somar outras 50 toneladas se o produtor optar por um segundo ciclo de produção — mas essa última opção é recomendada apenas para zonas livres do vírus do endurecimento dos frutos, o CABMV.
O vírus CABMV é transmitido por pulgões e foi detectado pela primeira vez no Paraná em 2014. A doença tem alto poder destrutivo — deixa os frutos duros, pequenos e impróprios para comercialização, deforma as folhas, reduz o crescimento das plantas e diminui a vida útil do pomar.
Para enfrentar a doença e preservar a produção paranaense, o IDR-Paraná vem recomendando a condução de apenas um ciclo, com plantio de mudas altas até meados de setembro e colheita entre os meses de dezembro até o começo de agosto, dependendo da região.
Nesse modelo de produção, todas as plantas devem ser eliminadas para um período de vazio sanitário antes de um novo plantio, aconselha o pesquisador.
A cultivar Luz da Manhã é indicada para regiões mais quentes e com pequena possibilidade de geadas.
Show Rural
Uma realização da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), o Show Rural acontece no Parque Tecnológico da cidade até sexta-feira (11).
Em sua 34ª edição, o evento se consolidou como uma referência aos interessados em novas tecnologias para a agropecuária.
Fonte: IDR-Paraná