A utilização de dejetos de animais como fertilizantes tem sido uma alternativa econômica para os produtores rurais. Este tipo de adubação orgânica, além de melhorar as propriedades do solo, é uma opção para substituir fertilizantes minerais, tornando assim o sistema agrícola mais moderno e sustentável.
“Estamos empenhados em continuar entregando conhecimento, tecnologia e contribuir para o desenvolvimento sustentável do agronegócio paranaense. Menor dependência de insumos externos e consequentemente diminuir o custo de produção aumentando a rentabilidade e focar na proteção do meio ambiente”, afirma a diretora de Pesquisa e Inovação do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), Vânia Moda Cirino.
O IDR-Paraná iniciou há mais de 3 décadas, aproximadamente, as pesquisas com dejetos suínos e de aviários para viabilizar a utilização em solos agrícolas do Paraná. Durante esse período estudou-se a recomendação da dosagem e dos efeitos na química, na física, na microbiologia e na fertilidade do solo, bem como na produção das culturas e em manejos diferentes de solo.
Produção – O Brasil ocupa uma posição de destaque na produção e no consumo de carne bovina, suína e de aves, o que contribui gradativamente para um índice elevado e acúmulo desses dejetos. Com a necessidade de uma destinação adequada e de redução dos danos ao ambiente, há disposição cada vez mais acentuada para uso desses materiais como forma de adubação orgânica.
O Paraná é o maior produtor de proteína animal do Brasil, primeiro em avicultura e em piscicultura, e segundo em suinocultura e em leite. A grande produção de dejetos coloca o estado em terceiro que mais produz biogás no país e segundo entre aqueles que têm o maior número de plantas que geram este tipo de produto. Com o Programa Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR), o governo tem, inclusive, incentivado a ampliação dessa prática.
Acompanhamento – Por meio do Sistema Estadual de Agricultura (Seagri), o governo trabalha na elaboração de uma política pública de aproveitamento de forma intensiva de dejetos agropecuários com vistas à produção de biogás e biometano e foco no hidrogênio verde. Em novembro do ano passado foi criado um grupo de trabalho e, neste ano, há continuidade nas ações de apoio e incentivo aos produtores rurais, dentro do RenovaPR, que já apoia o financiamento de usinas sustentáveis.
A aplicação de dejetos exige acompanhamento, uma vez que o uso sem o devido controle pode causar efeitos contrários e resultar em problemas ambientais, como a contaminação de recursos hídricos. Entre os principais elementos presentes nesses dejetos estão o nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).
Nos últimos anos, a área de pesquisa do IDR-Paraná desenvolveu uma tabela de conversão utilizando o Densímetro de Bouyoucos, que aponta a quantidade de NPK contida no dejeto líquido de suíno e bovino. Com essa quantificação, o produtor poderá calcular a quantidade do dejeto a ser aplicado ao solo para nutrir a cultura de grãos a ser implantada.
Para obtenção desse cálculo, o processo é homogeneizar o dejeto líquido suíno armazenado em esterqueiras ou biodigestores com o auxílio de uma bomba e transferir para o tanque aplicador. Coletar 2 litros desse dejeto líquido em um recipiente qualquer, passar por uma peneira ou similar para remover folhas e galhos e, na sequência, mergulhar o densímetro de Bouyoucos no recipiente e fazer a leitura obtida na escala. Com o valor encontrado na escala do densímetro, obtém-se os teores de NPK presentes no dejeto líquido suíno.
“Com essas tabelas de conversão o produtor não irá ter problemas com a falta ou excesso na nutrição da cultura”, afirma a pesquisadora Graziela Moraes de Cesare Barbosa, que está à frente do projeto.