O Dia Nacional da Conservação do Solo, celebrado em 15 de abril, é dedicado às reflexões alusivas à qualidade com que o solo está sendo utilizado e ocupado pelo homem. A data vai ao encontro dos propósitos de um dos eventos mais importantes da agricultura do Paraná, a Reunião Paranaense da Ciência do Solo (RPCS), que tem como objetivo sensibilizar a sociedade e os profissionais envolvidos na área para a importância da conservação do solo e da água, visando garantir um ambiente sustentável para as gerações futuras.
Em sua oitava edição, a Reunião Brasileira da Ciência do Solo traz como tema este ano a “Conservação do Solo e da Água no PR: avanços, retrocessos e (re)usos” e será realizada em Dois Vizinhos, de 16 a 18 de maio, no formato híbrido – presencial e online.
Evento técnico-científico, de abrangência nacional, a RPCS acontece a cada dois anos e é promovida pelo Núcleo Paranaense de Ciência do Solo vinculado à Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR-SBCS). Esta edição é organizada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Dois Vizinhos em parceria os Campi Pato Branco, Francisco Beltrão e Santa Helena, e também instituições como Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Instituto Federal do Paraná (IFPR-Palmas) e Centro Universitário de Dois Vizinhos (UNISEP).
Destinada a extensionistas, professores, estudantes de graduação e pós-graduação, entre outros profissionais da área, e ainda produtores rurais, a cada edição a RPCS se transforma em um fórum de discussão sobre os principais problemas e divulgação de novas tecnologias e resultados de pesquisa relacionada ao uso, manejo e conservação do solo e água paranaenses. Em razão disso o evento é itinerante e até o momento foi realizado em sete cidades do estado (Pato Branco, Londrina, Maringá, Cascavel, Curitiba, Ponta Grossa e Guarapuava).
A título de informação, a primeira edição da RPCS, organizada pela UTFPR, foi realizada em 2009 em Pato Branco, e retorna novamente este ano para a mesma região, agora em Dois Vizinhos. Em 2011, a II edição do evento foi sediada em Curitiba e organizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Já a III edição ocorreu em Londrina e foi organizada pelo antigo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Em 2015, IV RPCS foi organizada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) em Cascavel. A V RPCS aconteceu em 2015, em Maringá, organizada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a VI edição, em 2019, ocorreu em Ponta Grossa, organizada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UFPG). A VII e última edição, totalmente on-line, foi organizada pela Universidade Estadual Centro-Oeste (Unicentro)- Guarapuava.
Este ano, a VIII RPCS trará para o centro do debate os 50 anos do Sistema Plantio Direto no Paraná, tecnologia genuinamente paranaense, com enfoque na questão de manejo e conservação do solo e água, que se baseia em aplicar práticas que promovam o uso sustentável do solo e água, planejando ações que permitam seu uso ao longo do tempo, porém, sem degradá-lo.
O presidente da Comissão Organizadora, professor Paulo César Conceição, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Dois Vizinhos, destaca que o tema foi pensado priorizando fomentar o debate sobre os 50 anos do Sistema Plantio Direto, completados em 2022, bem como os desafios e perspectivas para o seu futuro.
Segundo ele, quando se fala em manejo do solo e água, é preciso trabalhar em conjunto com a biologia, a física e a química, afim de manter o solo saudável. “Os painéis vão abordar essas Ciências, bem como falar da extensão rural e das perspectivas futuras do solo para os próximos 20 anos”, explica o professor, acrescentando que o objetivo é sensibilizar os participantes da RPCS sobre a necessidade de ampliar as ações que potencializem o uso adequado dos recursos solo e água.
O evento este ano traz um perfil um pouco diferente dos anteriores. Além das palestras e apresentação dos trabalhos acadêmicos, ao final do evento, será realizado um dia de campo para mostrar e debater os conhecimentos gerados na UTFPR em estações focadas com temas ligados ao SPD e a extensão rural. Outra novidade será a apresentação do painel “Produção e Conservação do Solo e Água”, uma atividade aberta e voltada aos agricultores, cooperativas, sindicatos, que vai acontecer no primeiro dia do evento, às 19 horas, no Centro Universitário UNISEP.
“Tradicionalmente e, até por ser um evento técnico-cientifico, a RPCS sempre teve a programação voltada para palestras e submissão dos trabalhos, mas este ano queremos debater extensão rural um pouco mais, promovendo esta interação com a área da pesquisa. Nesse painel que será aberto à comunidade, caberá uma análise de o quanto e como o recurso natural solo, vem sendo preservado, mantido ou recuperado”, enfatiza Paulo César.
O evento também vai disponibilizar um espaço para debates, nas sessões temáticas, destinado à Rede Paranaense de AgroPesquisa, a qual congrega pesquisadores de instituições públicas e privadas, em parceria com o governo do Paraná e o Sistema FAEP/SENAR-PR. Trabalhos de pesquisa da Rede são desenvolvidos em estações de monitoramento hidrosedimentológico em duas escalas, a de mega parcelas e a de microbacia, em cinco mesorregiões, visando fortalecer a conservação do solo e água no Estado do Paraná. A distribuição por mesorregião objetiva estudar diferentes solos, relevos, climas, entre outras características regionais.
O retorno da erosão na última década, um dos principais problemas do campo, gerou a formação da Rede AgroPesquisa em 2015, para discutir estratégias direcionadas ao agricultor no sentido de tentar conter esse problema antigo no Paraná.
Produtividade – “A pesquisa aponta para caminharmos na direção da agricultura conservacionista, mas principalmente onde se discute a sustentabilidade aliada a produtividade e rentabilidade. O produtor precisa produzir com o mínimo impacto possível, para ter maior produtividade”, enfatiza o coordenador do evento.
Porém, poucos produtores aplicam, em sua plenitude, os fundamentos apregoados pela conservação do solo ou que implementam, integralmente, o complexo de tecnologias preconizadas pela agricultura conservacionista.
Atualmente, apenas entre 10% a 20% dos produtores fazem os três pilares que caracterizam o Sistema de Plantio Direto (SPD): revolvimento mínimo do solo, cobertura permanente do solo com restos da cultura anterior, e rotação de culturas.
“Hoje temos 33 milhões de hectares agrícola e se consideramos que 10% fazem o uso do SPD integralmente, temos em torno de 3 a 4 milhões de hectares trabalhado dentro do que é possível de uma agricultura conservacionista de ponta”, afirma o coordenador do evento, acrescentando que os outros 80% a 90% aplicam somente parte das premissas do Plantio Direto.
Há um movimento, segundo Paulo César, dentro das instituições de pesquisa, que vem provocando uma discussão para fortalecer a adoção de uma terminologia de migração de Plantio Direto para Sistema Plantio Direto. “Fazer essa migração na teoria e na prática é o papel da Ciência. Temos que mostrar que é possível ter produtividade, rentabilidade e ser ambientalmente mais correto com o uso dessas tecnologias integralmente”.
Para o professor, não há dúvida de que o SPD aumenta a produtividade. Ele exemplifica citando os grandes recordistas de soja do Prêmio CESB, os quais produzem entre 118 sacas/ha a 150 sacas/ha, em suas áreas de testes. “Eles produzem o dobro do que a média nacional, porque fazem um plantio direto bem feito com palhada, rotação de cultura e o mínimo de revolvimento do solo”.
Isto significa, segundo o professor, que, se o produtor fizer realmente a agricultura conservacionista como ela é prescrita e não apenas parte dela, ele preservará o solo e será produtivo com rentabilidade. “Esse é um caminho sem volta. Caminhamos em termos de mundo para uma consciência coletiva em prol de uma sustentabilidade em todas as ações, desde as embalagens até o uso, com parcimônia, dos recursos produtivos”, comenta Paulo César.
No Brasil, a agricultura é um dos pilares da economia e exemplo para o mundo, porém, é preciso solucionar alguns gargalos. “Estamos deixando de fazer o uso de uma tecnologia mais eficiente economicamente, mais eficiente ambientalmente, por alguns gargalos culturais, muito mais cultural do que por questões de maquinários”, adverte ele.
Erosão – Outro aspecto apontado pelo professor, refere-se ao terraceamento, uma técnica agrícola de conservação do solo que atua na contenção do escoamento superficial e processo erosivo. Ao longo dos anos, os produtores abandonaram esta prática, retirando os terraços de suas propriedades por entenderem, que somente a palha seria suficiente para conter a erosão.
“Retiraram primeiro os terraços e agora retiram o enfoque de produção de palha, porque ela embucha a semeadora, ou seja, agora ficamos apenas com a máquina e o retorno da erosão”, afirma Paulo César.
O SPD é considerado a ferramenta mais eficiente para controle da erosão em áreas de culturas anuais. “E terraceamento e palhada com qualidade estão entre as práticas conservacionistas para driblar a erosão. Tanto é que na sua origem o Plantio Direto era chamado de Plantio Direto na Palha, para dar essa ênfase de que precisava da palha sobre o solo”, explica, lembrando que os objetivos de eventos como a VIII RPCS é tornar possível que nos próximos 20 o Paraná e Brasil consigam avançar e ter 100/% da área em Sistema Plantio Direto de qualidade.
Evento – Além das palestras, o primeiro dia da VIII Reunião Paranaense da Ciência do Solo traz a exposição de pôsteres e o happy hour cientifico, cuja ideia principal é juntar a confraternização com a exposição para troca de informações e networking entre os participantes.
No segundo dia está agendada a assembleia geral e a divulgação dos 25 trabalhos selecionados e premiados inscritos no evento. Ao todo foram mais de 130 trabalhos submetidos. A organização do evento abriu espaço também para os patrocinadores colocarem estandes na área do evento visando interação com a Sociedade Científica. E para estimular a participação no evento no dia Nacional de Conservação do Solo (15 de abril) a RPCS terá promoção relâmpago com descontos indo de 30% por estarmos a 30 dias do evento e a 50% em alusão aos 50 anos do PD no Paraná.
Rede Paranaense de Agropesquisa vai destacar atividades desenvolvidas em 5 mesorregiões do PR
As atividades desenvolvidas pela Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada nas cinco mesorregiões: Campos Gerais (Ponta Grossa), Centro Sul (Guarapuava), Sudoeste (Dois Vizinhos), Norte (Cambé), Oeste (Toledo) e Noroeste (Presidente Castelo Branco e Cianorte) serão apresentadas durante a VIII RPCS.
De acordo com a Dra. Graziela Moraes de Cesare Barbosa, pesquisadora do IDR-Paraná em Londrina e coordenadora geral da Rede Paranaense de Agropesquisa, em todas as localidades, estão em desenvolvimento estudos voltados para a sustentabilidade do sistema produtivo agrícola com foco nos recursos solo e água.
Graziela acrescenta que o projeto teve início diante das demandas levantadas pelo Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR) e se consolidou nos seminários promovidos pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. Ela relata ainda que, naquele momento, havia uma preocupação muito grande com os processos erosivos em solos agrícolas do estado e com a retirada total ou parcial do sistema de terraceamento nessas áreas.
A pesquisadora ressalta a importância da agricultura conservacionista para que os sistemas de produção agropecuários sejam efetivamente sustentáveis. “O sistema de plantio direto tem por objetivo principal controlar o processo erosivo, sendo muito mais eficiente na redução da perda de solo do que da perda de água. Dessa forma, faz-se necessário práticas para conter o escoamento superficial da água durante os eventos de precipitação”, explica.
Segundo a coordenadora, “os resultados iniciais obtidos nas diferentes mesorregiões indicam a eficiência dos terraços na redução das perdas de solo e água em comparação às áreas sem essa prática mecânica”.
Referência na aplicação da agricultura conservacionista no país, o estado do Paraná, no último ano, enfrentou um longo período de estiagem – o que trouxe grandes prejuízos para os produtores. De acordo com a Graziela, as boas práticas de manejo do solo são capazes de amenizar os impactos da escassez hídrica na agricultura, seja pelo maior armazenamento (fator quantidade) ou pelo menor escoamento superficial (fator qualidade).
RPCS já reuniu mais de 3 mil participantes
A Reunião Paranaense de Ciência do Solo (RPCS) é um evento técnico-científico que acontece a cada dois anos no estado do Paraná, e tem como objetivo promover a troca de conhecimentos e experiências nas diferentes áreas da Ciência do Solo, reunindo profissionais e estudantes principalmente das ciências agrárias, mas com participação também de outras áreas como geografia, geologia, pedagogia, entre outros..
A RPCS já reuniu mais de 3 mil participantes e é promovida pelo Núcleo Paranaense da Ciência do Solo, vinculado à Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), com a organização de instituições de pesquisa e ensino de cada região onde ocorre o evento.
A 1ª RPCS foi realizada nos dias 7 e 8 de maio de 2009 na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Pato Branco em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O evento teve como tema “Histórico e Desafios da Ciência do Solo no Paraná”; um dos objetivos centrais da reunião foi a consolidação do Núcleo Regional, por isso a proposta de fazer uma avaliação histórica da ciência do solo paranaense, bem como a discussão dos desafios que se colocam para o futuro.
A II RPCS foi realizada de 4 a 6 de maio de 2011 na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. O evento teve como tema “Os Solos Paranaenses Nos Ambientes Urbano e Rural: Funções, Usos e Impactos”. Objetivou discutir e destacar a importância do solo como elemento central dos ecossistemas terrestres e preservação da biodiversidade, com destaque para os ambientes rurais e urbanos.
A III edição da RPCS foi realizada de 7 a 9 de maio em Londrina-PR. Esta edição foi organizada pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). A reunião teve como tema “Sistemas Conservacionistas de Produção e sua Interação com a Ciência do Solo”, ressaltando os principais sistemas de produção agropecuários do Paraná sob a ótica da conservação, tendo o solo como referência, buscando proporcionar a discussão de resultados de pesquisas e divulgar novas tecnologias relacionadas ao uso, manejo e conservação dos solos no Paraná.
A IV RPCS foi realizada entre os dias 20 e 22 de maio de 2013 em Cascavel. Esta edição contou com a organização da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e teve como tema “Desafios da Ciência do Solo no Contexto das Diferentes Agriculturas do Paraná”, destacando a eficiência dos sistemas agrícolas e a preservação dos solos paranaenses.
A V Reunião Paranaense de Ciência dos Solos foi realizada de 23 a 25 de maio juntamente com o II Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos (SBSA), em Maringá. Organizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), a quinta edição teve como tema “Solos do Arenito: Usos, Desafios e Sustentabilidade”. A temática teve como foco a discussão dos solos arenosos do estado, considerando suas fragilidades e potencias de uso.
A VI edição da RPCS realizada de 7 a 9 de maio de 2019, em Ponta Grossa, com o tema “Desafio da Produção Agropecuária com Baixo Impacto Ambiental”, Abordou a dimensão econômica e a sustentabilidade socioambiental da produção agropecuária no estado do Paraná. As palestras abordaram vários assuntos dentro dessa temática entre eles como a degradação dos solos tem afetado a sustentabilidade do agronegócio e a agricultura familiar.
A VII edição aconteceu no formato on-line nos dias 17 e 18 de novembro de 2021. Essa edição foi organizada pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Guarapuava – e trouxe como tema “Alta produtividade aliada à conservação do solo”. O evento discutiu a interação das várias áreas da ciência do solo em busca de alta produtividade das culturas agrícolas e a conservação do solo, visando garantir a produção de alimentos com sustentabilidade.
Linha do tempo da RPCS:
- I RPCS (2009) Pato Branco…………………240 inscritos
- II RPCS (2011) Curitiba………………………427 inscritos
- III RPCS (2013) Londrina…………………….620 inscritos
- IV RPCS (2015) Cascavel……………………750 inscritos
- V RPCS (2017) Maringá………………………562 inscritos
- VI RPCS (2019) Ponta Grossa……………. 414 inscritos
- VII RPCS (2021) Guarapuava (online)….315 inscritos
Serviço:
VIII Reunião Paranaense da Ciência do solo (RPCS)
Formato: híbrido – presencial e online
Data: 16 a 18 de maio de 2023
Local: Centro Universitário Unisep – Pato Branco (PR)
Inscrições: https://www.even3.com.br/rpcs2023/