domingo, 15 de setembro de 2024

Agronegócio

Agricultura precisa conviver com La Niña

Clima
Tags: clima, incêndios, Meio Ambiente, queimadas

A primavera começou hoje (22) e será marcada pela  La Niña em que a agricultura paranaense terá que conviver com a redução no volume de chuvas até o verão. Para o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, associadas ou não com o fenômeno, as estiagens no sul do Brasil são recorrentes. Por isso, é preciso aprender a conviver com a situação.  Ele explica que, desde a década de 1970, mais de 14 estiagens, com maior ou menor intensidade, assolaram a região.

“O impacto das estiagens não é sempre igual em todas as regiões. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a metade sul e o oeste, são propensas aos impactos mais severos devido a condições do ambiente”, explica Cunha.

Gilberto Cunha sugere que, em anos de La Niña, é preciso estabelecer estratégias para minimizar os impactos nos cultivos de verão, como escalonar as épocas de semeadura, diversificar o ciclo das cultivares e adotar práticas de manejo conservacionista.

Segundo o coordenador de Operação do Simepar, meteorologista Marco Jusevicius,  La Niña será o principal drive climático na primavera do Hemisfério Sul, com intensidade variando de fraca a moderada.  O fenômeno provoca o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, alterando os padrões climáticos.

No início da estação, as temperaturas apresentam maior amplitude térmica – a diferença entre os valores mínimos e máximos diários –, a qual tende a diminuir com a aproximação do verão. A temperatura média do ar deve manter-se próxima ou ligeiramente acima da normal climatológica. Estão previstas grandes variações em períodos curtos, causadas pelo rápido deslocamento de frentes frias e tempestades intensas, características da estação no Estado.

São esperados períodos prolongados sem chuva semelhantes aos ocorridos no outono e no inverno deste ano. “As chuvas devem aumentar progressivamente, mas os volumes ficarão próximos ou abaixo da normal climatológica, com distribuição espacial muito irregular”, afirma o meteorologista.

Os eventos meteorológicos severos, como fortes rajadas de ventos, granizo e muitos raios, só podem ser detectados em curto prazo. Para receberem alertas por SMS, os interessados podem cadastrar-se na Defesa Civil Estadual enviando uma mensagem para o número 40199 com o número do seu CEP (Código de Endereçamento Postal).

Agricultura –  “A previsão de uma primavera mais seca neste ano devido à influência de La Niña é preocupante para a agricultura”, diz a agrometeorologista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, Heverly Morais. Segundo ela, as culturas de soja, milho e feijão podem ser impactadas pela estiagem prolongada.

Como estratégia de proteção, Morais recomenda escalonar a semeadura em talhões com cultivares de ciclos diferentes. Também sugere começar a semeadura no período adequado, não utilizar população de plantas superior à indicada, plantar sementes de boa qualidade e cultivares adaptadas à região, mantendo o equilíbrio nutricional das plantas.

“Como os veranicos são recorrentes durante as safras no Paraná, convém incluir no planejamento agrícola a tecnologia da rotação de cultura com plantas de cobertura em sistema de plantio direto”, afirma. Segundo ela, essa técnica melhora os atributos físico-químicos do solo, favorece o aumento de infiltração de água e aprofunda as raízes, além de reduzir a temperatura e a evaporação em períodos de estiagem fraca ou moderada”.

Escassez hídrica –  O cenário climatológico indica a permanência da crise hídrica no Paraná. O Simepar faz o monitoramento hidrológico, que é o acompanhamento em tempo real das condições das 200 bacias hidrográficas paranaenses. Para tanto, utiliza alta tecnologia: uma rede telemétrica de 120 estações, antenas de recepção de uma constelação de satélites e três radares instalados em Teixeira Soares, Cascavel e Curitiba.

Os dados são coletados em medições horárias e sub-horárias das chuvas, temperaturas e vazões dos rios. Na sequência, são integrados e processados por sistemas computacionais, gerando produtos geo-espaciais. Após análise dos dados atuais e históricos, os meteorologistas emitem uma previsão tradicional para até 15 dias e outra climática sazonal, atualizada mensalmente. Além disso, são feitas estatísticas dos quantitativos de chuvas e desvio das médias climatológicas. As informações são compartilhadas no Monitor de Secas do Brasil e na Sala de Crise da Região Sul.

Incêndios –  O Simepar também monitora incêndios, queimadas e focos de calor. O Sistema VFogo detecta essas ocorrências em grandes extensões territoriais e áreas específicas. É possível identificar o momento e o local em que o evento teve início, sua evolução, propagação, direção, sentido, intensidade e extinção, bem como o tipo de vegetação – floresta, arbustos, pastagem e agricultura. Os dados são atualizados a cada dez minutos.

“Na primavera e no contexto da estiagem, o baixo teor de umidade da vegetação favorece a combustão, a ignição e a propagação de incêndios”, explica o pesquisador e coordenador de Inovação do Simepar, Flavio Deppe. Segundo ele, o VFogo possibilita o lançamento de alertas em tempo quase real.

A ferramenta emprega três tecnologias convergentes nas ciências ambientais: sensoriamento remoto por satélites de alta resolução temporal e espacial, processamento de alto volume de dados geo-espaciais em diferentes formatos (Big Data) e modelos matemáticos de análise e aprendizagem gerados a partir de técnicas de inteligência artificial. Combina diversas camadas de informações em interface webgeo com suas típicas funcionalidades, como escala, zoom e pan.

As imagens de uma mesma área são apresentadas em diferentes modos de composições. O modo “true color” ou “visível” evidencia a fumaça. O modo “infravermelho” destaca as temperaturas mais altas. Já o modo “fusion” faz uma fusão de ambos para realçar os pontos de fumaça, fuligem e particulados.

Confira AQUI a tabela com valores das médias históricas de chuva (faixa de variação), temperatura mínima e temperatura máxima para cada região do Paraná nos meses de outubro, novembro e dezembro.

Fonte: Embrapa e AEN

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Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
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Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

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