segunda-feira, 16 de setembro de 2024

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Cientistas alertam sobre nova praga exótica que atinge plantios de goiabeira

Tags: cochonilha, embrapa, goiabeira, praga

Pesquisadores da Embrapa identificaram a espécie de cochonilha exótica Capulinia linarosae em uma propriedade rural no estado do Amazonas. É o primeiro registro da ocorrência no Brasil dessa cochonilha, que tem um histórico de causar danos severos aos cultivos de goiabeira. Até o momento, não há indícios de ocorrência em outros estados brasileiros, mas os pesquisadores alertam que é importante atuar no monitoramento e prevenção do inseto para mitigar a sua disseminação e evitar prejuízos aos produtores.

As cochonilhas são pequenos insetos parasitas que sugam a seiva da planta. De acordo com relato dos pesquisadores, a espécie Capulinia linarosae, age destruindo ramos, folhas, frutos, chegando a causar a morte das goiabeiras. Sua ocorrência causa preocupação pela alta infestação e difícil controle, podendo levar a prejuízos econômicos. A situação serve de alerta para produtores de goiaba no Amazonas e em outros estados, pois o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de goiaba, sendo a maior concentração em São Paulo, seguido por Pernambuco, Minas Gerais e Ceará.

As informações sobre a praga e orientações para controle são apresentadas no Comunicado Técnico 155, lançado pela Embrapa Amazônia Ocidental, de autoria dos pesquisadores da Unidade Luadir Gasparotto e Adauto Maurício Tavares; Norton Polo Benito, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF); e Raimundo Nonato Carvalho da Rocha, da Embrapa Arroz e Feijão (GO).

Dados sobre o problema também estão sendo divulgados para as agências de defesa fitossanitária do Brasil, segundo informa o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental Luadir Gasparotto. É importante também que produtores de goiaba tenham conhecimento das medidas de controle para essa praga e dos sintomas que a caracterizam.

Como controlar

Algumas medidas de controle foram testadas sob a orientação de pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental em um plantio afetado pela praga no município de Iranduba (AM). A propriedade, que serviu de base para a pesquisa, é do produtor de frutas Edney Marques. Ele conta que a infestação foi alta e gerou perda de frutos. “Afetou bastante a produção e dá muito trabalho para controlar”, complementa Marques.

Com base nessa experimentação, foram apresentadas instruções como poda de limpeza e remoção dos galhos. Os galhos removidos podem ser enterrados, queimados ou expostos ao sol para promover a desidratação e morte das cochonilhas. Nas partes que não puderam ser podadas, foram removidas as cascas e os insetos com a ajuda de um escovão de cerdas duras. Nas áreas escovadas, foi aplicado óleo mineral (75,6% m/v) na concentração de 1,5 ml do produto para 1 L de água. O controle da praga se deu após duas aplicações com intervalos de 15 dias.

O agrônomo Selmo da Costa, produtor de frutas no município de Manaquiri (AM), conta que também enfrentou problema parecido com a presença da cochonilha exótica em seu plantio de goiaba e perdeu a produção de cinco anos. Fez a poda, mas sem poder recuperar o plantio, vendeu a área. Costa relata que iniciou novo plantio em outra área com 380 pés de goiaba no campo. Nesse está fazendo monitoramento, para evitar novas perdas. “É extremamente difícil de controlar”, afirma o agrônomo, que trabalha no órgão estadual de extensão rural no Amazonas, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam). Em visita a outras propriedades, conta que encontrou cochonilhas em goiabeiras que apresentam sintomas semelhantes em municípios amazonenses próximos a Manaus, em propriedades no interior de Manaquiri, Manacapuru, Careiro da Várzea, Careiro-Castanho e Rio Preto da Eva, em plantios pequenos de até um hectare. Embora os sintomas sejam parecidos, ainda não há confirmação que sejam cochonilhas da mesma espécie.

Fique atento aos sintomas

A praga inicia o ataque na região sombreada da base do tronco, forma colônias de cochonilhas que se estendem pelo caule acima, destruindo a casca e as partes superficiais do lenho. Essas colônias atingem os ramos superiores. As plantas afetadas emitem brotações fracas e os ramos morrem.

Como medida preventiva para manter as plantas livres das cochonilhas, os pesquisadores recomendam realizar vistorias periódicas e, à medida que surjam novas colônias da praga, fazer a aplicação da suspensão contendo o óleo mineral dirigida para as colônias de insetos.

O que é uma praga quarentenária?
Praga quarentenária é todo organismo de natureza animal e vegetal, que estando presente em outros países ou regiões, mesmo sob controle permanente, constitui ameaça à economia agrícola do Brasil ou região importadora exposta. Já a praga quarentenária ausente não está presente no País, mas tem potencial de causar importantes danos econômicos, se introduzida. (Fonte: Embrapa)

Como foi identificada no Brasil
Amostras da praga foram coletadas em uma fazenda com cultivos de goiabeira no município de Iranduba próximo à Manaus (AM). Depois de desvitalizadas e conservadas em álcool 70%, foram enviadas para identificação no laboratório da Estação Quarentenária da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Foram montadas 20 lâminas, um espécime por lâmina, com fêmeas adultas. As cochonilhas foram identificadas como sendo da espécie Capulinia linarosae (Hemiptera: Coccoidea: Eriococcidae). As lâminas estão guardadas na coleção de Referência de Insetos e Ácaros da Estação Quarentenária.

Sobre as cochonilhas em goiabeiras
De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental Adauto Tavares, cochonilhas são um grupo importante de insetos devido aos impactos econômicos que produzem na agricultura em todo o mundo. “No Brasil as cochonilhas que têm sido registradas com destaque em plantios de goiabeira são a cochonilha-branca, cochonilha-verde, cochonilha-rosada, escama cabeça-de-prego, cochonilhas-de-cera, cochonilha-vermelha, cochonilha pérola-da-terra e cochonilha-da-raiz”, informa.

A nova espécie de cochonilha encontrada no Amazonas foi detectada pela primeira vez na Venezuela, em 1993, porém só em 2016 foi reconhecida como uma nova espécie que passou a ser denominada Capulinia linarosae Kondo & Gullan. Nos anos seguintes, plantios de goiabeira na Venezuela foram severamente afetados pela praga.

Fonte: Embrapa

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