A fiscalização de culturas agrícolas do Crea-PR contribui para diversas frentes, entre elas, reforça a segurança alimentar, garantindo que o cidadão tenha acesso a produtos de qualidade; promove sustentabilidade e preservação do meio ambiente; valoriza a profissão do Engenheiro Agrônomo e seu exercício ético; e orienta sobre a importância da presença de um profissional habilitado, cuja função é otimizar a produção agrícola, utilizar os recursos naturais de maneira adequada e promover a utilização correta dos defensivos agrícolas.
Neste sentido, o Crea-PR reconhece a necessidade de investir em instrumentos de inovação para otimizar os processos de fiscalização. Na autarquia, o Departamento de Fiscalização (Defis) é o responsável por planejar, organizar e executar as ações de fiscalização em todo o território estadual. No entanto, percorrer as áreas produtivas do Paraná é uma tarefa árdua, que exige tempo e recursos humanos que são, atualmente, limitantes. Pensando nisso, temos estudado o uso de novas ferramentas tecnológicas e empenhado esforços em inclui-las nos processos de fiscalização com o objetivo de ampliar nosso trabalho.
A fiscalização por imagem de satélite é um bom exemplo disso. O projeto piloto começou com nossa equipe de fiscalização, lotada na regional Londrina do Crea-PR, liderada pelo Facilitador de Fiscalização Alexandre Barroso e pelo gerente regional Edgar Tsuzuki. A iniciativa foi coordenada pela gerente do Defis, Mariana Maranhão, e contou com o trabalho do Engenheiro Cartógrafo e Tecnológico em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Giovani Castolldi. Em novembro do ano passado, implementamos o uso de imagens do satélite Sentinel II na fiscalização das culturas de soja presentes nos municípios da amostragem, compreendida por Londrina, Cambé, Sertanópolis, Bela Vista do Paraíso, Ibiporã e Jataizinho.
Através do cruzamento de dados obtidos junto à Copel – com coordenadas geográficas do medidor de energia na propriedade rural – e informações do Cadastro de Ambiente Rural (CAR), conseguimos identificar produtores e suas respectivas propriedades. Com essas informações em mãos, comparamos imagens obtidas entre novembro de 2021 e janeiro de 2022 , período correspondente à safra de verão, e através do processamento temporal por diferença de índice de vegetação selecionamos as áreas desejadas e utilizamos as imagens gratuitas fornecidas pelo satélite.
A análise que fizemos do Sentinel II apontou para fortes indícios de cultura implantada na área. Essa estratégia rendeu ótimos resultados, pois conseguimos expandir a fiscalização para lugares de difícil acesso. Com a ampliação da amostra, tornamos a fiscalização agrícola mais efetiva e aumentamos não só a quantidade de ações, mas a qualidade das mesmas.
É claro que a fiscalização por imagem não substitui a verificação in loco que fazemos. Estar em contato com os produtores e profissionais e colocar o pé, literalmente, na terra é nossa vocação, e continuaremos fazendo diligências presenciais sempre que possível. Ansiamos permanecer próximos às atividades de Agronomia que representamos da mesma forma que avançamos junto às tecnologias disponíveis no mundo. O uso de imagens de alta resolução é uma revolução que possibilita o monitoramento de locais mais distantes. No caso do Sentinel II, o registro fotográfico é feito a cada cinco dias, um período apropriado para promover eficácia às ações de fiscalização nas culturas agrícolas. Com mais esse recurso e todo o aparato já existente no Defis, identificamos a área produtiva, a cultura desenvolvida, a presença ou ausência de profissional técnico responsável e cumprimos nosso papel de garantir o exercício ético do Engenheiro Agrônomo.
Agora, a expectativa é que a iniciativa seja ampliada para as próximas safras e para as demais regionais do Crea-PR. Nosso intuito é sempre agir em favor da sociedade, dos produtores e profissionais que representamos. Frisamos que a primeira ação do Crea-PR é sempre orientativa, ou seja, visamos inicialmente recomendar a importância e necessidade da presença de um profissional habilitado no acompanhamento das lavouras, possibilitando a assertividade no manejo de pragas e doenças, bem como a correta emissão de receituários e o acompanhamento da tecnologia de aplicação. O uso indiscriminado de produtos pode provocar pressão de seleção, desequilíbrio ao meio ambiente, efeitos negativos em espécies não alvo e danos à saúde humana.
Esperamos que os produtores, profissionais e sociedade possam contar sempre com o trabalho que realizamos e, acima de tudo, confiar que esses processos atendem às diretrizes e legislações e que culminam no bem-estar de todos.
Susan Breus Drzewinski, Engenheira Agrônoma e Agente de Fiscalização II da regional Londrina do Crea-PR