segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Café

Jovem cafeicultor indígena é premiado em concurso de café sustentável

Tags: café, cafeicultura, concafé

O robusta amazônico especial e sustentável da família indígena Aruá, mais uma vez, é motivo de orgulho para os rondonienses. O jovem cafeicultor Tawã Aruá, de 22 anos, conquistou o terceiro lugar no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia – Concafé 2020. Ele segue os passos do pai, Valdir Aruá, que, em 2018, ficou em segundo lugar no mesmo concurso e se tornou símbolo de uma cafeicultura inclusiva e sustentável na Amazônia. Eles são da aldeia São Luís, na Terra Indígena Rio Branco, no município de Alta Floresta D’Oeste, que fica cerca de 600 quilômetros da capital de Rondônia.

A família Aruá já trabalha com café há 18 anos. Antes da participação nos concursos, a cultura era apenas uma fonte de renda, mas, agora, há muito mais valor agregado. “Esta conquista é fruto de muita dedicação. O café é hoje pra gente a valorização e o reconhecimento do nosso trabalho e do nosso povo. Estamos provando que o indígena é capaz e que buscamos evoluir sempre”, comemora Tawã. Ele faz planos de utilizar o prêmio para mais investimentos na lavoura, na família e num sonho: “quero fazer faculdade de odontologia e o café pode me ajudar muito”, conta.

Assim como seu pai, Tawā representa os bons exemplos da cafeicultura de Rondônia, que evolui com a força dos jovens e a experiência dos pais. Em 2018, a conquista de Valdir Aruá deu início a um processo de transformação que tem mudado a forma de enxergar a cafeicultura indígena na própria aldeia, no estado e no Brasil. Uma conquista partilhada por toda a cadeia, já que os holofotes da qualidade e da sustentabilidade dos cafés do Brasil se voltaram para a produção de robustas amazônicos em Rondônia.

É um café aliado da floresta. A produção da família Aruá não leva produtos químicos, é um robusta amazônico sustentável. É realizada com atenção a cada detalhe na colheita e pós-colheita. “Tenho muito orgulho pelo café especial que produzimos e por levar o povo indígena neste produto, que respeita a natureza. A floresta é muito importante, não só para nós indígenas como para o mundo todo. Não queremos e não precisamos desmatar. A área que temos aqui já é suficiente para uma boa produção e com qualidade”, afirma o cafeicultor Valdir Aruá.

Qualidade que transforma sonho em realidade

O segundo lugar no Concafé, em 2018, e o terceiro lugar, em 2020, selam um trabalho que teve início com um sonho, aliado a muita dedicação e a união de esforços. Enquanto trabalhava como motorista na aldeia, Valdir Aruá sonhava em ser reconhecido como um cafeicultor e que o fruto de seu trabalho, o Café Aruá, chegasse às mesas dos brasileiros. Era nas horas vagas, na lavoura próxima à sua casa, que ele e a família se dedicavam a concretização desse objetivo.

Família Aruá, em Alta Floresta D’Oeste (Rondônia)

Foi aí que, no início de 2018, o senhor Valdir viu a oportunidade de dar continuidade passos mais largos rumo ao seu desejo. Por meio de um projeto de parceria entre a Embrapa Rondônia e a Secretaria de Agricultura de Alta Floresta D’Oeste – Semagri, com apoio da Funai, ele recebeu instruções técnicas e ajuda para construir o primeiro terreiro suspenso com cobertura de plástico transparente da aldeia. Mal sabia ele que, naquele momento, seu sonho ganhava forma e outros tantos passaram a sonhar junto.

A família colocou em prática todos os ensinamentos recebidos, passou a identificar as plantas com maior potencial e iniciou uma colheita cuidadosa e secagem lenta sob o sol amazônico e a brisa da floresta. Como resultado desse trabalho quase artesanal da família Aruá, ainda no primeiro ano de projeto, os microlotes de quase dez sacas participaram do Concafé e ganharam o prêmio de segundo lugar, assim como ficou entre os 20 melhores do Brasil, no Coffee of the Year – Conilon e Robusta, também em 2018.

Resultado do Concafé 2020

Foram cerca de R$300 mil em premiações, distribuídos em duas categorias: sustentabilidade e qualidade. O prêmio de sustentabilidade foi para a Família Bento, de Cacoal, que conquista pela quarta vez este título.

Na categoria qualidade, o 1º lugar foi para Luciana Flanklin, de Novo Horizonte D’Oeste, que levou um trator cafeeiro de R$ 130 mil. Este café campeão teve nota histórica no concurso que, de 90,42 pontos, considerado pelos degustadores como delicado, completo, com aroma floral, doce como mel de cana e com sabor de uva.

O segundo lugar foi para Maria Cantuária, de Vilhena, que levou uma premiação de R$30 mil. Um café com 90,08 pontos, considerado exótico, com notas de hortelã, aroma de jasmim, sabor de pêssego e acidez brilhante.

O 3º lugar foi para o indígena Tawã Aruá, de Alta Floresta D’Oeste, que levou um prêmio de R$15 mil. Seu café obteve 88,08 pontos, com notas florais, sabor vinhoso com toques de jabuticaba, maracujá e carambola e acidez brilhante.

O 4º lugar foi para Ismael Marques, também de Alta Floresta D’Oeste, premiado com R$10 mil. Seu café ficou com 87,92 pontos, classificado como refrescante, com aroma de jasmim, sabor de cacau e mamão.

Fonte: Embrapa

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