segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Agropecuária

Mastite ambiental e seus desafios

Tags: doença contagiosa, mastite, pecuária leiteira, úbere

 

A mastite é uma doença conhecida pelo seu impacto produtivo e econômico na pecuária leiteira, sendo a principal causa de descarte de leite no país. Definida como inflamação da glândula mamária, a mastite tem como causadores agentes contagiosos e agentes ambientais.

Na doença contagiosa a maioria dos casos detectados são subclínicos, promovidos por agentes adaptados a viver no úbere do animal. Estes agentes são transmitidos principalmente durante a ordenha, através das mãos dos ordenhadores ou de equipamentos que não foram adequadamente higienizados. Os principais agentes relacionados às mastites contagiosas são Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus e Corynebacterium bovis.

Já a mastite ambiental é ocasionada por microrganismos presentes no ambiente e que são invasores oportunistas da glândula mamária. A infecção por esses agentes pode desencadear as manifestações clínicas severas da doença, que podem ter evolução rápida e causar sérios problemas à glândula mamária e a saúde geral do animal, podendo em última instância ocasionar a morte.

As reações inflamatórias mais severas podem ser observadas pelas mudanças visíveis no leite, que tende a ficar mais ralo, podendo ter a presença de grumos, sangue e pus, ou mesmo ocorrer a ausência de produção, chamada agalaxia. No úbere podem ocorrer alterações como inchaço, dor e vermelhidão (rubor). Em termos de estado geral, as vacas afetadas podem apresentar febre, prostração, redução ou falta de apetite, desidratação e tremores musculares.

Normalmente os agentes encontrados em casos de mastite ambiental são Escherichia coli, Klebsiela sp., Enterobacter sp., Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae e Serratia sp, microrganismos presentes no ambiente habitado pelo rebanho, especialmente nos locais úmidos onde ocorre o acúmulo de matéria orgânica, barro e secreções como urina e esterco.

“Além do contato direto com o agente presente no ambiente, as mastites ambientais também podem acontecer por meio da introdução dos microrganismos responsáveis no interior do úbere quando da utilização de seringas, cânulas ou sondas intramamárias não devidamente limpas e esterilizadas”, conta Marcos Malacco, médico veterinário gerente de serviços veterinários em pecuária da Ceva Saúde Animal.

Alguns autores, como Fonseca & Santos (2001), salientam que a mastite ambiental geralmente se manifesta nos rebanhos bem manejados e com baixa contagem de células somáticas (CCS). Isso ocorre porque os microrganismos da mastite contagiosa, que tem como característica uma alta CCS nos rebanhos acometidos, conferem proteção parcial contra os microrganismos promotores da mastite ambiental. Desta forma é possível observar rebanhos com rígido manejo e higiene na ordenha, com baixa significativa na CCS, serem acometidos com surtos de mastite clínica aguda causada por patógenos ambientais.

“Os animais que apresentam sintomas de mastite clínica necessitam de uma rápida intervenção, com tratamento local e, às vezes, sistêmico para impedir a proliferação dos microrganismos e evolução da doença. A utilização de antibióticos intramamários de amplo espectro que contenham anti-inflamatórios em sua formulação, como a associação de Cefoperazona sódica e Prednisolona, o Cefavet®, combate ao microrganismo agressor ao mesmo tempo em que auxilia na redução do inchaço e da dor no quarto mamário acometido. Junto a isso, a adoção de um antibiótico sistêmico de ação rápida, aplicação única e ótima difusão na glândula mamária após a aplicação, como a Marbofloxacina, o Marbox®, auxilia e trata a infecção e impede a progressão sistêmica da doença, possibilitando que o animal retorne rapidamente ao seu estado normal, de conforto e bem-estar, facilitando seu retorno à produção”, explica o médico veterinário.

Assim como a mastite contagiosa, a prevenção é a melhor amiga do produtor no combate à mastite ambiental. “É importante que a estratégia de controle da mastite na propriedade englobe medidas que atuem combatendo a mastite contagiosa e a mastite ambiental. Ações como a higiene adequada dos animais e das instalações, mantendo o ambiente das vacas bem ventilado, seco, com a cama limpa para que o grau de sujidade do úbere seja pequeno, ajudam a prevenir a contaminação dos tetos pelos agentes ambientais. A realização do pré-dipping e do pós-dipping no processo de ordenha auxiliam na criação de barreiras sanitárias capazes de evitar novas infecções de agentes causadores da mastite ambiental e da mastite contagiosa”, finaliza Malacco.

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Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
11/09/2024

Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

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