segunda-feira, 16 de setembro de 2024

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Pesquisa compara força de trabalho feminina no agro do Brasil e dos EUA

mulheres cafeicultoras
Tags: agronegócio, força de trabalho feminina, mba, mulheres
A importância das mulheres no agronegócio está clara nas estatísticas da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), que apontam que elas são responsáveis por pelo menos 50% da produção de alimentos no mundo.

Não poderia ser diferente, o aumento no percentual de mulheres trabalhando no agronegócio cresceu nos últimos 20 anos nas duas maiores potências mundiais do agronegócio – Brasil e Estados Unidos -, mas ainda há desafios a serem superados.

No Brasil, elas representam  34,2% da força de trabalho no agro e, nos Estados Unidos, 36,1%, de toda população trabalhadora do setor. Entretanto, ainda que em ascensão, a participação feminina no agronegócio é menor que a média nacional de mulheres no mercado de trabalho nos dois países. No Brasil ultrapassa 50% e nos Estados Unidos, 60%.
MBA –Os números constam do trabalho de pesquisa de formação do MBA em Agronegócio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da engenheira de produção Manoella Rodrigues da Silva, especialista em marketing pela Universidade Federal do Paraná. Ela comparou  a presença feminina entre as duas maiores potências do agronegócio, confrontando com a visão romantizada da mulher relacionada à fertilidade e ao alimento familiar.

A pesquisa busca entender, segundo Manoella, as diferenças históricas e tendências para os próximos anos neste  segmento, mostrando como a atuação das mulheres tem sido fundamental para o desenvolvimento do setor agrícola, embora nem sempre esse trabalho seja valorizado do ponto de vista econômico. Além disso, a pesquisa reforça a presença das mulheres em um mercado que até pouco tempo era dominado por homens.

Contudo, a  luta das mulheres para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, seja no campo ou mesmo na área urbana, não é de hoje. A busca por uma sociedade mais igualitária vem sendo construída ao longo das últimas décadas, e é possível notar já uma grande diferença, principalmente na agricultura.

Porém, mesmo tendo grande participação no campo, as mulheres rurais não consideram suas atividades como trabalho, pois não têm impacto financeiro e, portanto, não têm indicador de ganhos para a família. “Sendo assim os cuidados com a agricultura familiar são mais um dos afazeres domésticos somente”, acrescenta Manoella.
Segundo Manoella, essa visão começa a mudar e, embora o modelo de liderança no agronegócio ainda seja masculino, os números pesquisados  para elaboração do trabalho confirmam as mulheres em todas as esferas do agronegócio, desde o campo até a gestão de negócios. Do universo de mulheres pesquisadas, pelo menos 46% delas trabalham no campo, com atividades de plantação, ordenha ou até mesmo dirigindo máquinas agrícolas, e outras 54% trabalham em atividades administrativas (empresas, escritórios do agro).
Nas atividades que compõem a agropecuária, a presença feminina com maior expressividade é na hortifruticultura e avicultura com 18% e 12% respectivamente; na sequência grãos com 10% e bovinocultura com 9,7%.
Censo – Segundo Manoella Rodrigues da Silva, o  trabalho mostra ainda que, conforme os dados do último Censo Agropecuário do IBGE (2017), dos 5 milhões de estabelecimentos agropecuários brasileiros, somente 19% pertencem às mulheres.

Outro dado interessante do estudo, é que a  região nordeste é a que tem maior quantidade de produtoras rurais, com uma porcentagem de 25% a 30% dos estabelecimentos próprios. Em segundo lugar, a região norte do Brasil, onde de 20% a 25% dos estabelecimentos são de mulheres. Na sequência, a região centro-oeste e por último as regiões sul e sudeste com apenas de 10% a 15% dos estabelecimentos de posse feminina.

Outra informação relevante do Censo Agropecuário é sobre o perfil feminino no agro: 77% das mulheres agropecuaristas são brancas e 50%  têm entre 40 e 60 anos e  nível superior completo. Aliás, a taxa de mulheres com nível de escolaridade em nível superior dobrou no período de 2004 a 2015 segundo estudo do CEPEA (2019) e esta tendência pode ser vista não somente nas mulheres do agronegócio, mas em todo o mercado de trabalho nacional.

Segundo Manoella, as formas de inserção das mulheres no agronegócio, conforme os últimos estudos do IBGE, ocorrem primeiramente  a partir de um processo de sucessão e, a segunda, mais moderna, onde as mulheres assumem cargos de liderança por meio de um desafio profissional. Neste contexto, e analisando o perfil das famílias, 60% dessas mulheres são casadas e têm filhos, e 14% dessas têm maior participação na contribuição financeira da família.
EUA – Segundo o último Censo Agropecuário realizado pela USDA (Departamento de Cultura dos Estados Unidos) em 2017, dos 3,4 milhões de produtores agrícolas norte americanos, 36% são mulheres. Porém 66% dessas mulheres têm outras atividades consideradas primárias.

Além disso, essas mulheres possuem em sua maioria fazendas de médio a grande porte, de 4 a 72 hectares, enquanto no Brasil elas possuem propriedades de pequeno a médio porte, ou seja, de 1 a 15 hectares. As propriedades com mais de 50 hectares continuam em sua maioria de posse masculina.

A visão patriarcal de que a mulher deveria servir o homem é ainda forte nos EUA. Para muitas mulheres, elas são somente as esposas dos fazendeiros e não as fazendeiras tomadoras de decisão, mesmo que isso ocorra na prática.
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