segunda-feira, 13 de maio de 2024

Mercado de trabalho no agro está mais enxuto e seletivo em busca de competitividade
Arthur Bergamini colunista -gestão empresarial conexão agro -
Arthur Bergamini - Eng° Agrônomo
03/01/2024

Mercado de trabalho no agro está mais enxuto e seletivo em busca de competitividade

Estudo recém-publicado pela FGV mostra que nos últimos 8 anos, mesmo com um crescimento de mais de 30% na produção nacional de grãos e um aumento de mais de 14% no Valor Bruto de Produção pecuária, segundo as estimativas do MAPA, os dados do mercado de trabalho apontam para uma leve retração em números absolutos de pessoas empregadas no setor agropecuário.

Uma análise mais detalhada sobre os dados apresentados, revela ainda mudanças significativas quanto à formalização e a remuneração média dos trabalhadores no setor agropecuário, que compreende não só as atividades realizadas dentro das propriedades, mas também nas agroindústrias, justamente onde houve um impacto maior do cenário global, com a guerra entre Rússia e Ucrânia e a pandemia (Covid-19), apresentando uma retração de mais de 4% na atividade agroindustrial, de 2016 ao 2º trimestre de 2023, período do estudo.
Apesar de uma alta de pouco mais de 6% nos postos de trabalho das agroindústrias (cerca de 330 mil novas contratações), o setor agropecuário de maneira global encolheu mais de 550 mil postos de trabalho, passando de 14,34 milhões em 2016 para 13,78 milhões em 2023, uma redução de 3,9%. Não fossem as vagas geradas nas agroindústrias, a retração no mercado de trabalho teria sido de aproximadamente 6,5% ou 889 mil postos de trabalho.

Novamente, olhando-se em detalhes para os números, a redução na ocupação no setor agropecuário resultou principalmente da diminuição dos postos de trabalho informais, com uma queda de 10,3% ou 924,3 mil ocupações. Contrariamente, as posições formais experimentaram um aumento de 6,8%, equivalente a 366,3 mil novos empregos. Como resultado, no segundo trimestre de 2023, o setor agrícola alcançou o maior contingente de trabalhadores ocupados em posições formais, totalizando 5,7 milhões, e atingiu a mais elevada taxa de formalidade para este período (41,5%), ao longo de toda a série histórica desde 2016.

Quando comparados, pecuária e agricultura apresentam os mesmos resultados em relação à uma maior formalização, mas enquanto na pecuária, tanto os empregos formais (-4,1%) quanto os informais (-11,1%) diminuíram, entretanto, a redução nos empregos informais foi significativamente mais acentuada do que nos empregos formais, no setor agrícola, houve um aumento de 17,6% nos empregos formais, enquanto os empregos informais apresentaram uma contração de 16,2%, acentuando ainda mais o processo de formalização.
O estudo evidencia também uma melhora na remuneração média do setor agropecuário, com um crescimento médio de 12 % em termos reais no período, acima da média nacional de 4,3 % (entre 2016 e 2023). Com isso, os trabalhadores do setor agropecuário, passam a receber, em média, 71,2 % da remuneração média nacional, ante 66% em 2016.

O estudo foi feito com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e apontam para uma realidade nacional, mas que pelo seu perfil arrojado e inovador se percebe de maneira ainda mais acelerada no setor agropecuário, que é a importância do processo de qualificação da mão de obra. Margens estreitas, o impacto das mudanças climáticas, as inovações tecnológicas e as exigências das agendas ESG são hoje os principais motores desta transformação que invade o campo, exigindo qualificação, reduzindo a informalidade e remunerando melhor os trabalhadores, na constante busca por competitividade que é característica do setor agropecuário brasileiro.

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