
Warley Marcos Nascimento
Uma recente missão técnica à França, organizada pela Embrapa Hortaliças, em parceria com a Associação Brasileira de Horticultura (ABH) e a Vegepolys Valley, reuniu 12 participantes, entre pesquisadores, professores e técnicos de diferentes instituições brasileiras.
Ao longo da semana, foram organizadas várias visitas a diferentes instituições públicas e empresas privadas. Três tópicos mereceram um destaque, o qual comentamos a seguir:
a) Competitividade e organização institucional: a Vegepolys Valley (https://www.vegepolys-valley.eu/en/), instituição parceira e co-organizadora da Visita Técnica, criada em 2005 e mantida com financiamento público (governo francês) e privado (empresas), tem como objetivo de ser um cluster de competitividade atuando nas áreas de treinamento, pesquisa e ainda como impulsionadora para aumentar a competitividade e a cooperação de startups na área de hortaliças. Atualmente englobando 670 membros, este cluster oferece às empresas parceiras, a oportunidade de desenvolvimento de redes de cooperação, o compartilhamento de boas práticas e conhecimentos, envolvendo o setor privado, de P&D e acadêmico na promoção da colaboração e ações conjuntas entre os membros; ainda, no aumento da visibilidade frente a agências financiadoras, e a conexão com ecossistemas regionais e territoriais, com o objetivo de promover e gerar inovação relacionada às hortaliças em geral (toda a cadeia de valor). Possui ainda uma grande atuação internacional por meio de parcerias em vários continentes; este modelo de atuação como polo de competitividade é um dos 54 existentes na França, e estes foram criados para impulsionar as economias locais graças ao know how de cada região.
b) Rastreabilidade: um dos diferenciais apontados foi o rigoroso controle de qualidade e rastreabilidade, seja na cadeia de hortaliças, flores ou plantas ornamentais, atendendo assim às exigências do país e, claro, da União Europeia (UE) que demandam produtos de alta qualidade; vale salientar a maior preocupação dos consumidores para com a saúde em relação aos alimentos. Também, o forte apelo e conceito de valorização dos produtos locais e de procedência, incluindo os selos de origem, bastante valorizados pelo mercado consumidor.
c) Produção orgânica: neste país, o cultivo orgânico de hortaliças não é apenas um nicho de mercado, mas um sistema altamente competitivo, demandado e bastante difundido. O controle biológico de pragas e doenças, bem como a utilização de bioinsumos e outras práticas mais sustentáveis são rotinas neste sistema orgânico de produção. Exemplo, foi a visita realizada no Jardin de L’Avenir (https://www.jardindelavenir.fr/), que cultiva e comercializa diversas espécies de hortaliças orgânicas; esta empresa permite que os clientes possam colher seus produtos (hortaliças variadas), e levá-los para casa, ou optar pelo preparo em um restaurante local.
Finalmente, uma interessante visita, onde a organização de todo o setor, passando pela automação dos processos, a produção sustentável e a rastreabilidade permitem uma maior eficiência na produção e uma maior segurança dos alimentos. Sem dúvida, uma oportunidade única para os participantes explorarem novas oportunidades de desenvolvimento e intercâmbio profissional, cientifico e tecnológico.
Warley Marcos Nascimento, pesquisador da Embrapa Hortaliças e Presidente da Associação Brasileira de Horticultura (ABH); e-mail: [email protected]
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